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Cinco assuntos quentes para o Brasil hoje

Patricia Lara e Daniela Milanese

27/05/2019 08h30

(Bloomberg) -- Atos em apoio ao presidente Jair Bolsonaro repercutem neste dia de feriado nos EUA e Reino Unido. Para alguns analistas, como a Eurasia, manifestações impulsionam a reforma da Previdência. Outros avaliam que Congresso não deve mudar postura e desafios prevalecem. Atos exaltaram Moro e Guedes e tiveram Maia como um dos alvos. IPC-Fipe reforça quadro de baixa pressão de preços. Netshoes e fusão FCA-Renault estão no radar corporativo, assim como a Vale, enquanto talude acelera movimentação e minério escala. Veja destaques:

Manifestação

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro tiveram dificuldade para reunir um número expressivo de cidadãos dispostos a defender a sua planejada reforma da Previdência depois de cinco meses tumultuados do novo governo. E as análises sobre o efeito dos atos são divergentes. Para a Eurasia, os atos foram significativos e podem impulsionar a reforma da Previdência, mostrando que o capital político do presidente segue robusto."Foi uma manifestação razoável, que não diminui o governo, mas também não dá a Bolsonaro uma força maior que ele tinha antes. Os desafios vão continuar", disse Lucas de Aragão, sócio da consultoria política Arko Advice. "A manifestação não teve essa magnitude estrondosa, foi média. Logo, o Congresso não vai mudar a postura", disse Carlos Melo, cientista político e professor do Insper.

Foco nas reformas

Atos devem ser "construtivos" para as reformas, ainda que possam no curto prazo exacerbar tensões com parlamentares, diz Eurasia em nota assinada por analistas como Christopher Garman e Silvio Cascione. Para a consultoria, a agenda das manifestações estava distribuída entre a reforma da Previdência e críticas ao establishment, o que pode deixar os congressistas sensíveis à opinião pública menos hesitantes em votar o projeto do governo. Os atos exaltaram Paulo Guedes e Sergio Moro, mas foram críticos a Rodrigo Maia. Jair Bolsonaro compartilhou vídeos e imagens dos atos pelo Twitter ao longo do domingo. "Espero que esse movimento seja um recado", disse, em entrevista à Record TV na noite de domingo.

Inflação, PIB

IPC-Fipe é o dado que abre a semana e trouxe desaceleração mais acentuada do que a projetada, com 0,08% na terceira prévia, ante estimativa de 0,13%. O indicador vem na sequência do IPCA-15 de maio, que ficou abaixo do esperado. Na Focus, as projeções para IPCA seguem em 4,07% em 2019 e 4% em 2020. Já a do PIB tem ajuste marginal, passando de 1,24% para 1,23% em 2019 e seguindo em 2,5% para 2020, enquanto dados recentes como o Caged e arrecadação, divulgados na semana passada, foram surpresas positivas. Na semana, sai PIB do 1º trimestre, o primeiro sob novo governo, que deve mostrar contração de 0,2% t/t.

Minério escala

A corrida do minério continua. Em Cingapura, o contrato do metal para junho chegou a disparar 5,1% para US$ 106,08/ton após estoques do produto nos portos terem novo tombo, enquanto os bancos seguem elevando prognósticos de preços. Ações de mineradoras avançaram em Sydney, incluindo as da Fortescue Metals e Rio Tinto. No Brasil, o talude norte da mina de Gongo Soco está se movendo a uma velocidade de 15,5 cm por dia, chegando a 20 cm por dia em alguns pontos isolados da mina inativa, disse a Agência Nacional de Mineração (ANM) no domingo. A agência disse que há risco iminente de colapso, já que o movimento diário é maior que a média anual de 10 cm desde 2012.

Notícias corporativas

Continua a disputa pela Netshoes, após o Magazine Luiza elevar o preço por ação ofertado de US$ 2 para US$ 3, perfazendo preço total estimado de aproximadamente US$ 93 mi. Frederico Trajano, presidente do Magazine Luiza, enviou carta ao conselho da Netshoes na sexta-feira, dizendo que proposta da Centauro "foi feita de forma oportunista, com o potencial objetivo de prejudicar a transação", segundo cópia obtida pela Bloomberg. Magazine Luiza e Netshoes não comentaram e a Centauro não respondeu a um pedido de comentário fora do horário comercial. No exterior, a FCA propôs fusão com a Renault para criar a terceira maior montadora do mundo. Transação seria estruturada meio a meio através de holding holandesa, disse a Fiat. Conselho da Renault chamou em comunicado a proposta de "amigável". A empresa combinada será a número 1 na América Latina e não há planos de fechamento de unidades, segundo comunicado.

--Com a colaboração de Felipe Saturnino.