BRF-Marfrig deixa investidor cético com sinergia e governança
(Bloomberg) -- O surpreendente anúncio de que a BRF está em negociações para assumir a Marfrig recebeu respostas mistas de analistas. A esperada redução do peso da dívida na companhia resultante vem junto com incertezas sobre sinergias e governança corporativa.
A BRF caía 2,2% às 12h00 na B3, enquanto a Marfrig subia 3,1%. A concorrente JBS cedia 2,3%.
A operação, feita toda com ações, aumentará a diversificação geográfica e de produtos da BRF e permitirá à empresa reduzir a alavancagem, uma das principais preocupações dos investidores. Ainda assim, há dúvidas sobre a estrutura de controle da nova empresa e quanto ela poderá extrair em sinergias.
"A lógica financeira parece maior do que a lógica operacional de uma combinação", escreveu Luca Cipiccia, analista do Goldman Sachs, em relatório.
Veja o que dizem os analistas:
Thiago Duarte, BTG Pactual
- Portfólio de produtos e geografias mais diversificados devem permitir uma forte redução nos custos da dívida
- Potenciais sinergias operacionais entre suínos/aves e bovinos são limitadas, como demonstrado pela experiência de outras empresas, incluindo a JBS
- "Embora a BRF e a Marfrig pareçam mais fortes juntas - a razão pela qual acreditamos que os investidores aceitarão a transação - ainda seríamos conservadores em relação às sinergias, ainda mais à luz do que consideramos uma valiosa avaliação combinada e riscos significativos de execução e integração"
Benjamin Theurer, Barclays
- A combinação geraria sinergias, reduziria os riscos geopolíticos, permitiria um menor custo de capital e deve gerar retornos para os acionistas de ambas as empresas
- "Combinar frango e carne bovina pode trazer estabilidade de margem para o negócio e, considerando a forte posição da BRF nos mercados Halal e a forte posição da Marfrig em carne bovina nos EUA, expõe a companhia combinada a mercados com forte demanda e permite alavancar sua operação brasileira para exportações internacionais
- Combinação seria do interesse dos acionistas de ambas as empresas
Leandro Fontanesi, Bradesco BBI
- Os números da fusão implicam uma avaliação em consonância com os preços atuais das ação, o que significa que os detentores minoritários devem igualmente se beneficiar de sinergias
- Os benefícios potenciais do acordo incluem a redução do risco do balanço patrimonial da BRF, enquanto aumenta a diversificação de proteínas e geográfica
- "Gostaríamos de confirmar se a estrutura de controle difusa da BRF prevaleceria"
Luca Cipiccia, Goldman Sachs
- Combinação com a Marfrig daria maior escala à BRF, mas diferente mix geográfico e de produtos
- Transação "poderia gerar economias adicionais a partir de uma redução no custo da dívida"
- Os investidores podem ver "mérito estratégico da transação potencial e se beneficiar do perfil de alavancagem combinada, mas podem, ao mesmo tempo, se preocupar com o foco estratégico da BRF em um momento em que a administração já está focando na lucratividade no Brasil"
- "Os investidores também podem ver um risco para as margens combinadas de adicionar uma margem menor e negócios mais cíclicos ao portfólio da empresa, observando que a companhia já participou uma vez no segmento de carne bovina no Brasil, mas saiu em 2014"
Diana Stuhlberger, Eleven Financial
- A junção deve contribuir para a redução da alavancagem das duas empresas e possibilitar que se beneficiem com novas oportunidades de mercado
- Por outro lado, é uma fusão bastante complexa dado o tamanho das empresas
- "De qualquer forma, não sei se o timing foi correto dado que ambas ainda estão passando por um processo de reestruturação"
Repórteres da matéria original: Vinícius Andrade em Sao Paulo, vandrade3@bloomberg.net;Gerson Freitas Jr. em São Paulo, gfreitasjr@bloomberg.net
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