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Sob ataque nos EUA, Juul está de olho em fumantes da Ásia

Lisa Du e Bruce Einhorn

04/09/2019 09h52

(Bloomberg) -- A Juul Labs, pioneira em cigarros eletrônicos atualmente alvo de críticas e investigação do governo dos Estados Unidos, está de olho na Ásia, que responde pela metade dos fumantes do mundo.

Nos últimos meses, a empresa de São Francisco começou a vender seus dispositivos vaping na Coreia do Sul, Indonésia e Filipinas, e pretende entrar em mais mercados na região. A Ásia - com legislação mais flexível para o tabaco e tributação favorável, além do alto volume de vendas de cigarros - tem sido uma alternativa lucrativa para os gigantes do setor de tabaco, afetados pela queda do número de fumantes e menor oportunidade de crescimento em países desenvolvidos.

"Dado o volume de fumantes, vemos a Ásia como uma região de alta prioridade para a empresa", disse Ken Bishop, responsável regional da Juul, em entrevista em Cingapura em 22 de agosto. "Vemos que os fumantes estão muito interessados nesses produtos. A demanda do consumidor é super alta."

O foco na Ásia surge em um momento em que os dispositivos vaping enfrentam um ataque generalizado nos EUA, especialmente pelo apelo dos cigarros eletrônicos entre os jovens. O cirurgião-geral dos EUA, Jerome Adams, classificou o vaping de "epidemia" e a FDA, agência que regula fármacos e alimentos nos EUA, está investigando a segurança dos cigarros eletrônicos após relatos de convulsões. A pressão aumenta depois que os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA disseram em 30 de agosto que investigam mais de 200 casos de doença pulmonar grave em 25 estados, que pode estar associada ao uso de cigarros eletrônicos, incluindo uma morte.

A Juul, uma das empresas de capital fechado mais valiosas do Vale do Silício, adotou medidas para enfrentar as críticas. A partir de novembro, a empresa vai deixar de vender alguns produtos com sabor de frutas em lojas de varejo. Na semana passada, o presidente da Juul, Kevin Burns, instou não fumantes a não usarem cigarros eletrônicos, dizendo que não eram o cliente-alvo da Juul.

Aumentar a presença na Ásia não será fácil, pois significará navegar por um labirinto de diferentes culturas de fumantes, níveis socioeconômicos e regimes regulatórios em vários países com diversos estágios de desenvolvimento. Alguns países como Cingapura e Tailândia proibiram cigarros eletrônicos, enquanto outros avaliam restrições.

"Muitos dos países da Ásia tentam combater a epidemia de tabagismo - e agora enfrentam um ataque agressivo de novos produtos", disse Mary Assunta, consultora sênior de políticas da Aliança para o Controle do Tabagismo no Sudeste Asiático.

--Com a colaboração de Craig Giammona.

Para contatar a editora responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net

Repórteres da matéria original: Lisa Du em Nova York, ldu31@bloomberg.net;Bruce Einhorn em Hong Kong, beinhorn1@bloomberg.net