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Famílias ricas estocam dinheiro por medo de recessão, diz UBS

Suzanne Woolley e Ben Stupples

24/09/2019 12h54

(Bloomberg) -- Rick Stone, ex-sócio da Cadwalader, Wickersham & Taft, vê tempos difíceis pela frente para family offices que querem investir seus recursos.

Para o presidente do Stone Family Office, o mercado de títulos dificilmente proporcionará algum retorno real ao longo da próxima década e os mercados acionários devem sofrer uma queda substancial para, depois, oscilar pouco. Além disso, em sua opinião, há muito capital de risco e de private equity para poucas oportunidades.

"É muito difícil para os family offices alocarem dinheiro", disse Stone, 60 anos, cuja fortuna se originou em comissões de litígios em ações coletivas.

Stone tem uma visão privilegiada sobre o mercado, já que realiza as reuniões bimestrais do Palm Beach Investment Research Group, uma rede de 35 family offices em Palm Beach, na Flórida. "As áreas para investir diminuíram, e há muito dinheiro em busca desses espaços", disse.

Essa visão dos mercados é compartilhada por muitos dos 360 family offices globais ("single" e multi) pesquisados para o relatório UBS Global Family Office 2019, realizado em conjunto com a Campden Research e divulgado na segunda-feira. A maioria espera que a economia global entre em recessão até 2020, com a maior porcentagem de entrevistados pessimistas nos mercados emergentes. Cerca de 42% dos family offices em todo o mundo estão aumentando posições em dinheiro.

'Mais cautela'

"Há mais cautela e medo do mercado público de ações entre investidores com patrimônio ultra-alto", disse Timothy O'Hara, presidente do Rockefeller Global Family Office. "Isso faz com que mais pessoas pensem em investimentos privados, investimentos alternativos ou dinheiro."

Jeffrey Gundlach, diretor de investimentos da DoubleLine Capital, disse este mês que, em sua opinião, há 75% de chance de uma recessão nos EUA antes das eleições presidenciais de novembro de 2020, enquanto o Banco Mundial cortou sua previsão global de 2019 para o ritmo mais lento desde a crise financeira de uma década atrás. Enquanto isso, mais de dois terços dos family offices europeus pesquisados pelo UBS acreditam que o Brexit prejudicará o Reino Unido a longo prazo.

O relatório UBS/Campden oferece uma visão do discreto mundo dos family offices, que administram as fortunas, questões tributárias e até os estilos de vida dos ricos. Tributar os super-ricos é um tópico cada vez mais discutido na América do Norte antes das eleições presidenciais dos EUA no ano que vem. Candidatos democratas como Elizabeth Warren e Bernie Sanders propuseram impostos sobre a riqueza que podem custar os bilhões de dólares aos mais ricos do país.

Os family offices se tornaram uma das maiores forças dos mercados financeiros globais. A Campden estima que essas empresas administram cerca de US$ 5,9 trilhões. Os family offices pesquisados pelo UBS tinham uma média de US$ 917 milhões sob gestão.

Os resultados dos investimentos foram variados para os que responderam ao questionário, realizado entre fevereiro e março. O retorno médio dos family offices nos 12 meses anteriores à realização da pesquisa foi de 5,4%, de acordo com o UBS. As ações de mercados desenvolvidos foram uma grande decepção, proporcionando retorno médio de 2,1%. O maior ganho médio - 6,2% - foi de family offices nas regiões da Ásia-Pacífico e mercados emergentes, seguidos por 5,9% na América do Norte e 4,3% na Europa.

Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net

Repórteres da matéria original: Suzanne Woolley em New York, swoolley2@bloomberg.net;Ben Stupples London, bstupples@bloomberg.net