Citi vê preços menores com normalização do mercado de minério
(Bloomberg) -- O mercado global de minério de ferro voltará a um equilíbrio em 2020 com a normalização da produção dos maiores fornecedores depois de um ano tumultuado, marcado pela crise de oferta, aumento dos preços e retração, de acordo com o Citigroup, que espera cotações mais baixas para a commodity.
Os preços devem girar em torno de US$ 80 a tonelada no próximo ano, com a transição de um grande déficit para um equilíbrio atingido com a recuperação da oferta do Brasil, bem como o aumento da capacidade na Austrália, de acordo com Judy Su, associada sênior do Citi. Este ano, os preços spot são negociados, em média, a US$ 94 a tonelada, de acordo com a Mysteel Global.
O mercado global de minério de ferro teve um ano turbulento, com um déficit desencadeado pelo rompimento da barragem da Vale em janeiro seguido pelo mau tempo na Austrália, o que afetou ainda mais os embarques no momento em que a produção de aço da China estava em alta. O minério de ferro chegou a a ser negociado muito acima de US$ 100 a tonelada, para o nível mais alto desde 2014. Bancos, incluindo o Morgan Stanley, dizem que os preços devem cair.
"O setor, em grande parte, está volta aos trilhos agora", disse Su em e-mail. Juntamente com o aumento da oferta, a demanda global por aço também deve diminuir nos próximos anos, acompanhada pelo maior uso de sucata por siderúrgicas, acrescentou.
Em mais sinais de recuperação da oferta, a Vale disse que vai reativar outras operações. A Rio Tinto projeta que os embarques podem subir 5% em 2020, e a BHP estima que a produção anual deve crescer 6%. As três empresas são as maiores fornecedoras de minério de ferro.
O mercado ainda tem alguma pressão por causa dos baixos estoques, e os preços podem permanecer voláteis "com as incertezas persistentes da oferta", disse Su.
Outros bancos sinalizam preços mais baixos à medida que 2020 se aproxima. Há "uma possibilidade crescente de os preços do minério de ferro enfraquecerem até o final do ano", disse em nota o Australia & New Zealand Banking Group, citando margens escassas das siderúrgicas e melhora das exportações da Austrália e do Brasil.
Siderúrgicas também mostram cautela quanto à perspectiva da demanda por produtos, a maioria dos quais feitos de minério de ferro. A ArcelorMittal, maior siderúrgica do mundo, disse na quinta-feira que espera redução da demanda nos EUA este ano, além de ter reduzido as previsões para a Europa e para a demanda global.
Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net
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