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Taxa do aço traz preocupação sobre liberação da carne pelos EUA

Rachel Gamarski, Tatiana Freitas e Mike Dorning

06/12/2019 18h20

(Bloomberg) -- A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de restabelecer tarifas para o aço e alumínio do Brasil pode atrasar a remoção das barreiras impostas pelos EUA à carne bovina brasileira, disseram pessoas familiarizadas com o assunto.

A medida, que pegou o governo de Jair Bolsonaro de surpresa, jogou água fria sobre as expectativas de que os EUA retomariam em breve as importações de carne in natura, de acordo com as fontes, que pediram para não serem identificadas porque as discussões não são públicas.

Apesar do bom relacionamento entre os dois líderes, membros do governo brasileiro não esperam que os EUA facilitem as importações de produtos agrícolas em um ano eleitoral nos EUA, disseram as pessoas.

O governo brasileiro não respondeu imediatamente a pedido de comentário.

Na segunda-feira, Trump acusou o Brasil e a Argentina de desvalorizarem artificialmente suas moedas, causando problema para agricultores norte-americanos. O governo brasileiro, que se alinhou fortemente com os EUA, negou que esteja enfraquecendo o real e o ministro da Economia, Paulo Guedes, classificou o tuíte de Trump de "equívoco brutal".

Além da deterioração do clima político, as preocupações de segurança alimentar dos EUA com a carne bovina brasileira permaneceram depois que os inspetores americanos visitaram as fábricas brasileiras em junho, disse uma fonte do governo.

Após a auditoria, os EUA decidiram manter a proibição e solicitaram ações corretivas ao Brasil. O Departamento de Agricultura dos EUA respondeu que analisará os documentos assim que o governo enviá-los e realizará "outra auditoria de verificação do sistema de inspeção da carne brasileira".

O departamento de imprensa da Casa Branca direcionou o pedido de comentário ao departamento de comércio dos EUA, que não respondeu imediatamente às mensagens deixadas por e-mail e telefone.

Os EUA suspenderam as importações da carne bovina in natura brasileira em 2017, depois de encontrarem abcessos em carregamentos do Brasil. O Ministério da Agricultura afirma que eles são decorrentes de uma reação a componentes da vacina contra a febre aftosa.

Após o episódio, o Brasil reduziu a dose da vacina. No mês passado, uma autoridade do Ministério da Agricultura disse que o Brasil estava "100% confiante" de que os EUA removeriam a proibição da carne do país.

Na ocasião, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse que ainda não havia uma data definida, que o Brasil havia fornecido respostas adicionais aos EUA e aguardava a análise.

--Com a colaboração de Mario Parker.