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Sauditas reduzem vendas de petróleo com meta de cortar produção

Sharon Cho, Tsuyoshi Inajima, Serene Cheong e Anthony Di Paola

14/05/2020 07h38

(Bloomberg) -- A Arábia Saudita planeja desacelerar embarques de petróleo para o cobiçado mercado asiático em junho e reduzir ainda mais as exportações para a Europa e Estados Unidos, em uma possível concessão ao presidente Donald Trump e produtoras de gás de xisto americanas.

O país com maior peso na Opep busca sustentar a frágil recuperação do mercado de petróleo, abalado pela pandemia de coronavírus que esmagou a demanda por energia e provocou a pior crise do setor em décadas. Os sauditas decidiram reduzir voluntariamente a oferta ao nível mais baixo em 18 anos em meio ao esforço global para drenar o excesso de petróleo que desvalorizou os preços em mais de 50% neste ano.

A estatal Saudi Aramco vai cortar as exportações de junho para pelo menos uma dúzia de clientes asiáticos, segundo operadores notificados pela empresa. A Aramco planeja cortes ainda mais profundos no volume de petróleo enviado aos EUA e à Europa, de acordo com pessoas com conhecimento da situação.

"É politicamente importante para os EUA e para Trump" que os sauditas enviem menos petróleo para a Bacia do Atlântico, disse Olivier Jakob, diretor-gerente da consultoria Petromatrix em Zug, Suíça. "Também é um gesto para os russos de que os sauditas não pretendem esmagar o mercado europeu."

A Aramco não respondeu imediatamente a e-mails com pedido de comentários. As fontes não quiseram ser identificadas porque as informações são confidenciais.

Oito das 12 refinarias da Ásia afetadas disseram que as reduções foram significativas, com cortes de 20% a 30% ou mais em relação aos valores contratados. Grande parte das maiores reduções atingiu clientes na China e na Índia, e alguns deles disseram estar em negociações com a Aramco para tentar obter mais petróleo. Três outros clientes regionais receberam o que pediram.

A maior exportadora de petróleo do mundo foi ainda mais longe, tendo restringido embarques para EUA e Europa, onde os clientes receberão apenas metade dos volumes que normalmente compram, segundo as fontes. As compras de alguns clientes podem ser reduzidas em até 70%, disseram as pessoas.

©2020 Bloomberg L.P.