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Acúmulo de lixo hospitalar é outro problema causado por pandemia

Heesu Lee

23/06/2020 15h34

(Bloomberg) -- Os países agora enfrentam outro problema médico criado pelo coronavírus: um dilúvio de resíduos contaminados.

Durante o pico da crise, Wuhan, a cidade onde o surto começou, gerava 240 toneladas por dia de lixo hospitalar - seis vezes o nível normal, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente da China. Manila, nas Filipinas, produziu 280 toneladas adicionais por dia de lixo hospitalar, enquanto Jacarta gerou 212 toneladas, segundo estimativas do Banco Asiático de Desenvolvimento.

Apenas alguns países têm capacidade para lidar com volumes extras, informou o banco.

"Um aumento significativo da geração de resíduos hospitalares provavelmente está acontecendo em diferentes partes do mundo no pico da crise, como vimos em dados de Wuhan e de outras cidades da Ásia", afirmou Shardul Agrawala, chefe da divisão de integração ambiental e econômica da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.

A pandemia voltou a aumentar a demanda por embalagens plásticas, além de elevar a produção de itens de uso único, como máscaras, luvas e kits de teste nos quais o plástico é um componente essencial. São anos de trabalho desfeito por parte de governos e ambientalistas para reduzir o uso de plásticos descartáveis por consumidores e diminuir emissões venenosas de incineradores urbanos.

Até abril, 50 toneladas de resíduos infecciosos se acumulavam todos os dias nos centros médicos da Tailândia, que só tinham capacidade para efetivamente incinerar 43 toneladas, de acordo com o Instituto do Meio Ambiente da Tailândia. Em Wuhan, o desequilíbrio foi ainda pior, com apenas 49 toneladas de capacidade por dia para lidar com quase cinco vezes o nível de resíduos contaminados durante o pico do surto. As paralisações em muitas cidades dificultavam a reciclagem de resíduos urbanos normais, por isso autoridades geralmente tinham que depender de fornos já sobrecarregados para impedir que o lixo se acumulasse.

"A incineração pode ser uma solução de emergência para lidar com o rápido aumento de resíduos hospitalares, mas não é necessariamente a melhor solução", disse Agrawala em entrevista. "A qualidade do ar e as consequências para a saúde pública são certamente aspectos que precisamos examinar com cuidado."

©2020 Bloomberg L.P.