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Fundos com US$ 3,7 trilhões alertam Brasil sobre desmatamento

Área em Lábrea (AM) que é alvo do desmatamento seletivo, onde as árvores de madeira mais valiosa já foram derrubadas, restando apenas espécies como sumaúmas e castanheiras - Maurício Monteiro/Repórter Brasil
Área em Lábrea (AM) que é alvo do desmatamento seletivo, onde as árvores de madeira mais valiosa já foram derrubadas, restando apenas espécies como sumaúmas e castanheiras Imagem: Maurício Monteiro/Repórter Brasil

Frances Schwartzkopff

23/06/2020 09h54

Investidores institucionais que administram cerca de US$ 3,7 trilhões em ativos querem que o Brasil desista de uma proposta que, segundo eles, vai aumentar o desmatamento e violar direitos de grupos indígenas na Amazônia.

Liderados pela Storebrand, da Noruega, 29 fundos do mundo inteiro solicitaram videochamadas com autoridades no Brasil para discutir o assunto, de acordo com carta aberta. Os gestores de ativos disseram que o fracasso do governo brasileiro em proteger as florestas pode obrigá-los a reconsiderar seus investimentos.

É mais um sinal de que grandes fundos institucionais não pretendem tolerar condutas que atentam contra os chamados padrões ambientais, sociais e de governança, ou ESG, na sigla em inglês. Além disso, o investimento ético começa a colher maiores recompensas financeiras, à medida que empresas que prejudicam o meio ambiente assumem o status de párias.

Os fundos destacaram a proposta do governo para legalizar a ocupação privada de terras públicas, principalmente concentradas na Amazônia. Os investidores alertam que tal medida levaria a mais desmatamento, o que "comprometeria a sobrevivência da Amazônia".

O desmatamento e suas consequências "têm potencial de impactar negativamente os retornos de longo prazo", disse Jan Erik Saugestad, diretor-presidente da Storebrand Asset Management, em comunicado. "O risco inerente de operar em um país politicamente instável ou em um país que negligencia o clima e o meio ambiente faz parte de nossa análise ESG."

Se o Brasil prosseguir com a proposta, empresas associadas à política poderão perder acesso ao mercado internacional de capitais; os títulos soberanos brasileiros "também devem ser considerados de alto risco", disseram os fundos na carta.

"Queremos continuar investindo no Brasil e ajudar a mostrar que o desenvolvimento econômico e a proteção do meio ambiente não precisam ser mutuamente exclusivos", disseram os fundos. "Portanto, instamos o governo do Brasil a demonstrar um compromisso claro com a eliminação do desmatamento e com a proteção dos direitos dos povos indígenas."