Bancos em Hong Kong avaliam suspender contas por sanções dos EUA
(Bloomberg) -- Bancos que operam em Hong Kong intensificam a análise de clientes e pelo menos uma instituição dos Estados Unidos tomou medidas para suspender contas e evitar entrar em conflito com as sanções impostas pelo governo americano a autoridades da cidade. Com esse passo, também correm risco de violar a polêmica lei de segurança imposta pela China.
Pessoas com conhecimento da decisão, que falaram sob condição de anonimato, disseram na segunda-feira que um banco dos EUA adotou medidas para suspender contas vinculadas a algumas autoridades sancionadas. Dois grandes bancos chineses avaliam o que precisa ser feito sobre seus requisitos de tolerância ao risco e conformidade, disseram as pessoas que participaram das discussões, sugerindo que não ignorariam totalmente as sanções dos EUA.
Na sexta-feira, os EUA sancionaram 11 pessoas, incluindo a chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, e as principais autoridades de segurança da China no centro financeiro, sobre seu papel na imposição da lei. As sanções proíbem bancos de fazerem negócios com os indivíduos penalizados. Mas cumprir essa ordem pode colocar as instituições em conflito direto com a lei de segurança, que determina que nenhuma sanção ou ação hostil pode ser aplicada contra a cidade e contra a China continental.
"A bola está agora no campo dos bancos", disse Kevin Lai, economista-chefe para Ásia, excluindo o Japão, na Daiwa Capital Markets, em Hong Kong. "Estão em uma situação particularmente difícil, pois também devem levar em consideração a lei de segurança nacional."
As medidas se somam aos preparativos em andamento desde que a lei de segurança e a Lei de Autonomia de Hong Kong dos EUA, que permitiu as sanções, foram aprovadas no mês passado. Uma maior triagem será realizada para abordar outras possíveis sanções a pessoas politicamente expostas, disseram as pessoas. Banqueiros e advogados têm examinado as letras miúdas para determinar como podem evitar as principais consequências de ficarem espremidos entre as duas leis. Se desobedecerem a legislação, as empresas correm risco de multas ou de perder a licença para fazer negócios.
Bancos como Citigroup e HSBC estão na corda bamba entre as duas potências mundiais devido às operações em Hong Kong e aos planos ambiciosos de expansão na China. Instituições chinesas como o Bank of China e Industrial & Commercial Bank of China também poderiam ser implicados, ameaçando seu acesso ao financiamento em dólares.
Bank of China e ICBC não responderam imediatamente a pedidos de comentários. Porta-vozes do Citigroup e do HSBC não quiseram comentar.
A nova ordem dos EUA não inclui um período de transição, sugerindo que os bancos estão sujeitos à lei imediatamente. Instituições financeiras estrangeiras que não operam nos Estados Unidos não serão atingidas desde que não ajudem indivíduos sancionados com transações atreladas a dólares americanos, disseram as pessoas.
Na segunda-feira, a China retaliou com a sanção de 11 americanos, que incluem os senadores Marco Rubio e Ted Cruz, o diretor executivo da Human Rights Watch, Kenneth Roth, e Michael Abramowitz, presidente da Freedom House.
"A escala parece pequena por enquanto, pois apenas 11 indivíduos são afetados, mas mais pessoas podem ser adicionadas à lista e os bancos podem enfrentar sanções secundárias", disse Lai, da Daiwa.
©2020 Bloomberg L.P.
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