Multinacionais suspendem provisões à Rússia para evitar perdas
Arturo Escarda
Moscou, 19 dez (EFE).- A incerteza sobre o futuro do rublo, que se desvalorizou mais de 50% em poucos meses, obrigou muitas companhias multinacionais de todos os setores, desde o têxtil até o de automoção, a suspender temporariamente as provisões à Rússia para não sofrer perdas.
O BNS Group, a coorporação que diriga na Rússia os grupos de roupa Calvin Klein, Armani Jeans, Michael Kors e TopShop, se somou a seus concorrentes na hora de cessar as provisões.
O diretor-geral da filial russa da TopShop, no varejo têxtil britânico que opera em 37 países, explicou ao jornal russo "Vedomosti" que a decisão é motivada pelas fortes oscilações que a moeda russa sofreu na última semana.
"O preço de custo é virtual, porque ninguém sabe com que cotação fazer as contas", apontou o executivo em relação ao problema com o qual toparam os importadores que adquiriram suas mercadorias em dólares ou euros.
No entanto, a espanhola Inditex, que aposta na Rússia como o mercado com mais perspectivas para a expansão de suas lojas nos próximos anos, desmentiu à Agência Efe a informação publicada pelo "Vedomosti" sobre a suspensão de provisões e assegurou que estas continuam normalmente.
"Não houve nenhuma mudança. As operações da Inditex na Rússia continuam e vão continuar com normalidade", ressaltou uma porta-voz da companhia.
A porta-voz disse que a confusão pode ter ocorrido devido ao atraso da última remessa que devia chegar nesta semana às lojas da Rússia e assegurou que chegará a seu destino nos próximos dias.
Há três dias, que alguns já batizaram como a "terça-feira negra", o rublo perdeu 25% de seu valor e alcançou marcas históricas negativas em sua cotação perante o dólar e o euro.
Embora a moeda russa tenha recuperado em seguida suas posições do começo da semana, o pânico se apossou tanto das empresas como dos consumidores, que comprovaram a rapidez com a qual seus investimentos e economias podem se transformar em papel molhado.
"Os preços subiram muito. Sem comprar quase nada já deixamos metade do salário. A carne, os lácteos, o pescado, todos os alimentos subiram de preço. Tudo subiu menos o salário. Nem vai subir. Estamos sobrevivendo", se queixou à Agência Efe Olga, cozinheira de profissão.
No entanto e com a notável exceção dos alimentos, os preços da maioria dos bens importados quase não sofreram mudanças nos últimos meses apesar de uma contínua queda do rublo desde o começo do ano, especialmente pronunciada a partir do mês de outubro.
Muitos russos, sobretudo nas prósperas cidades de Moscou e São Petersburgo, gastaram suas economias para se antecipar ao aumento dos preços generalizado que todo o mundo já dá por feito.
As estantes das grandes superfícies de eletrodomésticos como M-Vídeo ou Techno-Sila ficaram literalmente vazias em apenas três dias.
A multinacional sueca Ikea, que anunciou em meados da semana uma alta de preços a partir de amanhã, suspendeu ontem a venda de móveis de cozinha e eletrodomésticos em suas lojas da Rússia perante o excesso de demanda.
Os principais fabricantes de automóveis, entre eles o gigante General Motors, e também a maioria das concessionários foram mais longe e paralisaram todas as vendas na Rússia, segundo constatou o prestigiado diário "Kommersant".
A suspensão das provisões e vendas, em plena campanha natalina, poderia se prolongar até o começo de janeiro se continuar a incerteza nos mercados de divisas.
No entanto, as autoridades russas asseguram que o rublo, que se movimenta em torno dos US$ 60 há três dias, segue muito subvalorizado inclusive após recuperar tudo o que tinha perdido no início da semana.
Embora a queda nos preços do petróleo, as sanções do Ocidente a Moscou pela crise da Ucrânia e a má situação econômica da Rússia serem responsáveis pela depreciação da moeda, o Kremlin considera que a moeda se fortalecerá nas próximas semanas.
O presidente russo, Vladimir Putin, que reconhecia ontem que o país entrou em uma crise econômica, se mostrou otimista com o futuro do rublo e respaldou as medidas tomadas até agora pelo Banco Central para sustentar a moeda nacional.EFE
aep-vm/ff
Moscou, 19 dez (EFE).- A incerteza sobre o futuro do rublo, que se desvalorizou mais de 50% em poucos meses, obrigou muitas companhias multinacionais de todos os setores, desde o têxtil até o de automoção, a suspender temporariamente as provisões à Rússia para não sofrer perdas.
O BNS Group, a coorporação que diriga na Rússia os grupos de roupa Calvin Klein, Armani Jeans, Michael Kors e TopShop, se somou a seus concorrentes na hora de cessar as provisões.
O diretor-geral da filial russa da TopShop, no varejo têxtil britânico que opera em 37 países, explicou ao jornal russo "Vedomosti" que a decisão é motivada pelas fortes oscilações que a moeda russa sofreu na última semana.
"O preço de custo é virtual, porque ninguém sabe com que cotação fazer as contas", apontou o executivo em relação ao problema com o qual toparam os importadores que adquiriram suas mercadorias em dólares ou euros.
No entanto, a espanhola Inditex, que aposta na Rússia como o mercado com mais perspectivas para a expansão de suas lojas nos próximos anos, desmentiu à Agência Efe a informação publicada pelo "Vedomosti" sobre a suspensão de provisões e assegurou que estas continuam normalmente.
"Não houve nenhuma mudança. As operações da Inditex na Rússia continuam e vão continuar com normalidade", ressaltou uma porta-voz da companhia.
A porta-voz disse que a confusão pode ter ocorrido devido ao atraso da última remessa que devia chegar nesta semana às lojas da Rússia e assegurou que chegará a seu destino nos próximos dias.
Há três dias, que alguns já batizaram como a "terça-feira negra", o rublo perdeu 25% de seu valor e alcançou marcas históricas negativas em sua cotação perante o dólar e o euro.
Embora a moeda russa tenha recuperado em seguida suas posições do começo da semana, o pânico se apossou tanto das empresas como dos consumidores, que comprovaram a rapidez com a qual seus investimentos e economias podem se transformar em papel molhado.
"Os preços subiram muito. Sem comprar quase nada já deixamos metade do salário. A carne, os lácteos, o pescado, todos os alimentos subiram de preço. Tudo subiu menos o salário. Nem vai subir. Estamos sobrevivendo", se queixou à Agência Efe Olga, cozinheira de profissão.
No entanto e com a notável exceção dos alimentos, os preços da maioria dos bens importados quase não sofreram mudanças nos últimos meses apesar de uma contínua queda do rublo desde o começo do ano, especialmente pronunciada a partir do mês de outubro.
Muitos russos, sobretudo nas prósperas cidades de Moscou e São Petersburgo, gastaram suas economias para se antecipar ao aumento dos preços generalizado que todo o mundo já dá por feito.
As estantes das grandes superfícies de eletrodomésticos como M-Vídeo ou Techno-Sila ficaram literalmente vazias em apenas três dias.
A multinacional sueca Ikea, que anunciou em meados da semana uma alta de preços a partir de amanhã, suspendeu ontem a venda de móveis de cozinha e eletrodomésticos em suas lojas da Rússia perante o excesso de demanda.
Os principais fabricantes de automóveis, entre eles o gigante General Motors, e também a maioria das concessionários foram mais longe e paralisaram todas as vendas na Rússia, segundo constatou o prestigiado diário "Kommersant".
A suspensão das provisões e vendas, em plena campanha natalina, poderia se prolongar até o começo de janeiro se continuar a incerteza nos mercados de divisas.
No entanto, as autoridades russas asseguram que o rublo, que se movimenta em torno dos US$ 60 há três dias, segue muito subvalorizado inclusive após recuperar tudo o que tinha perdido no início da semana.
Embora a queda nos preços do petróleo, as sanções do Ocidente a Moscou pela crise da Ucrânia e a má situação econômica da Rússia serem responsáveis pela depreciação da moeda, o Kremlin considera que a moeda se fortalecerá nas próximas semanas.
O presidente russo, Vladimir Putin, que reconhecia ontem que o país entrou em uma crise econômica, se mostrou otimista com o futuro do rublo e respaldou as medidas tomadas até agora pelo Banco Central para sustentar a moeda nacional.EFE
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