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Riscos financeiros globais cresceram "nos últimos 6 meses", afirma FMI

13/04/2016 18h25

Alfonso Fernández.

Washington, 13 abr (EFE).- Os riscos financeiros globais aumentaram "nos últimos meses", elevando a tensão tanto em países avançados como emergentes com a ameaça de um "ciclo pernicioso" que paira sobre a economia mundial, afirmou nesta quarta-feira o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Este "ciclo pernicioso" é baseado "na frágil confiança, no frágil crescimento, nas maiores tensões nas condições financeiras e na alta de encargos de dívida" que envolvem ao mesmo tempo emergentes e avançados, segundo o relatório de "Estabilidade Financeira Global" apresentado pelo organismo em Washington.

"Isso pode levar a economia global a uma estagnação econômica e financeira. Neste cenário, estimamos que o produto global pode cair quase 4% em relação ao cenário base nos próximos cinco anos", disse o diretor do Departamento de Assuntos Monetários do FMI, o espanhol José Viñals.

"Os riscos globais se elevaram nos últimos seis meses", acrescentou, em referência ao mais recente documento financeiro do fundo.

Na Europa, os bancos ainda carregam o legado da crise, com elevados níveis de empréstimos morosos e uma difícil adaptação de seu modelo de negócio ao novo panorama de baixas taxas de juros.

O relatório do organismo afirma que na zona do euro em fevereiro (data do último episódio de volatilidade financeira) os sistemas bancários mais afetados foram os de Grécia, Itália e, em menor medida, Portugal junto a alguns da Alemanha.

Por outro lado, nos mercados emergentes as tensões se recrudesceram como consequência de "um menor crescimento, condições de crédito mais ajustadas e fluxos voláteis de capital pela aguda queda dos preços das matérias-primas".

Para a China, considerada o foco dos episódios de volatilidade de agosto e fevereiro, o fundo reconheceu que a "saúde" das empresas "piorou" e garantiu que a dívida em risco triplicou desde 2010.

O número de créditos que podem ter dificuldades para serem pagos na China é de US$ 1,3 trilhão, algo que "embora pareça grande, é manejável dadas as reservas" e o "contínuo forte crescimento da economia".

Neste contexto, Viñals avaliou positivamente os sinais dados pelo Federal Reserve (Fed, banco central) dos EUA, que planeja reduzir o ritmo de ajuste monetário previsto para 2016, das quatro altas de taxas de juros determinadas em um primeiro momento para um máximo de duas.

"Parece razoável para nós que o Fed remodele o ritmo de alta das taxas de juros em relação à mudança dos dados. Pensamos que isso ajudou a reintroduzir certeza no panorama financeiro internacional e foi uma das razões pelas quais a turbulência financeira internacional diminuiu desde o fim de fevereiro", disse Viñals.

O dirigente do FMI considerou "positivo o lucro líquido" das taxas de juros negativos assumidos por bancos centrais como o europeu e o do Japão, como parte das ferramentas monetárias para estimular a economia, mas insistiu que devem ser acompanhados de medidas complementares desde o âmbito fiscal e político.

O relatório do fundo foi divulgado em meio à reunião do FMI e do Banco Mundial (BM), que reúne em Washington os líderes econômicos mundiais durante esta semana, após reduzir as perspectivas de crescimento global para este ano para 3,2%, dois décimos a menos com relação a janeiro.