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ONU fala em união público-privada para combater mudança do clima na A. Latina

11/07/2017 15h13

Panamá, 11 jul (EFE).- A saída dos EUA do Acordo de Paris lança para a América Latina o desafio de impulsionar seus programas contra a mudança climática mediante alianças público-privadas e com políticas governamentais mais fortes, afirmou à Agência Efe o representante da ONU para a Redução das Emissões pelo Deflorestamento e Degradação das Florestas (UN-REDD) na América Latina, Gabriel Labbate.

A América Latina "sempre soube que iria assumir esse desafio", disse Labbate, que participa nesta terça-feira de uma oficina regional na capital panamenha sobre planos para financiamento, conservação e uso sustentável de florestas.

Labbate explicou que com o anúncio feito em 1 de junho pelo presidente americano, Donald Trump, o financiamento do programa das Nações Unidas para a Redução de Emissões pelo Desflorestamento e Degradação das Florestas de alguma maneira será afetado dado que diminuirão os fundos da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID).

"Com certeza sentiremos a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, é uma grande perda; mas será uma oportunidade para que os outros países tomem a liderança sem sua participação", manifestou.

Labbate contou que durante a Administração de Barack Obama (2009-2017) os Estados Unidos fizeram uma contribuição importante ao Fundo Verde do Clima, um braço que apoia economicamente a Convenção Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (CMNUCC) que financia projetos para a economia verde em diversos países em vias de desenvolvimento.

Ao anunciar a saída dos EUA do Acordo de Paris, Trump deixou claro que Washington deixará de contribuir ao Fundo Verde para o Clima.

A América Latina perde a cada ano 2,18 milhões de hectares de florestas por diversos fatores como desflorestamento, agricultura e desenvolvimento urbano. A nível mundial, desde 1990 estima-se que desapareceram 129 milhões de hectares.

Para poder administrar as florestas de forma sustentável no mundo todo, é preciso entre US$ 70 bilhões e US$ 160 bilhões anuais. A maioria do investimento procede de governos doadores e agências multilaterais.

Entre 2008 e 2016, os fundos aprovados para REDD em 21 países da América Latina e o Caribe foi de US$ 1,05 bilhão. O Brasil concentrou 69% de todo o montante para a região, seguido pelo México, Guiana, Colômbia e Peru, segundo Climate Funds Update.

Labbate explicou que o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) aposta no setor privado, que agora procura se envolver no desenvolvimento verde.

"A transformação para essa economia verde vai acontecer se os governos da região atraírem o setor privado para essa direção, (...), é poder reacomodar as regras do jogo, fixar incentivos, e redirecionar o desenvolvimento setorial para esses lugares que queremos", asseverou o porta-voz.

A ONU-REDD estima que 1,6 bilhão de pessoas no mundo todo dependem das florestas para a subsistência. O desflorestamento e degradação florestal supõem cerca de 17% de todas as emissões de carbono, mais que todo o setor do transporte e só atrás do energético.

As instituições multilaterais e fundos com maior financiamento para florestas na região são o Programa de Investimento Florestal, o Fundo a Amazônia, o Fundo Cooperativo para o Carbono das Florestas, ONU-REDD, o Fundo Biocarbon, o Fundo para o Meio Ambiente Mundial e o Fundo Verde para o Clima, de acordo com a informação oficial.