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Mar Negro desponta como destino de sol e praia mais barato da UE

16/07/2017 06h06

Vladislav Punchev e Raúl Sánchez Costa.

Sófia/Bucareste, 16 jul (EFE).- O litoral do Mar Negro da Bulgária e da Romênia, os dois países mais pobres da União Europeia (UE), surge como uma alternativa atraente e barata para os tradicionais destinos turísticos do Mediterrâneo.

Os quase 400 quilômetros de litoral búlgaro são um dos segredos de verão da Europa, com mais de 70 praias de areia dourada ainda pouco disputadas, preços baixos e vistas de uma riqueza natural e cultural sugestivas.

À sombra dos clássicos litorais de Espanha, Grécia, Itália, França e Croácia, a oferta de "sol e praia" da Bulgária cresceu substancialmente nos últimos anos.

Os especialistas preveem que este ano chegarão à Bulgária cerca de 11,6 milhões de turistas, 11% mais que no ano passado, o melhor para o setor desde a queda do comunismo em 1989.

O setor turístico representa 13% do PIB da Bulgária, um país com um salário médio de cerca de 500 euros.

"Os centros de veraneio na Bulgária oferecem segurança e qualidade", assegurou à rádio "Focus" a ministra de Turismo do país, Nikolina Angelkova, em referência à insegurança percebida por muitos na Turquia, Tunísia e Egito, outros destinos de baixo custo.

"Cada vez mais turistas alemães dão as costas aos complexos de férias turcos a favor da Bulgária, cujo litoral oferece boas alternativas, sobretudo para famílias com mais baixa renda", explicou a ministra.

Um dia em um complexo hoteleiro "all inclusive", a fórmula mais habitual na Bulgária, custa entre 10 e 90 euros por pessoa, dependendo da categoria do estabelecimento. Se forem contratadas viagens em grupo, a oferta pode ser ainda melhor.

Existem opções para todos os gostos, desde banhos de lama, águas termais, esportes aquáticos, vela e rotas pela natureza.

Mas este turismo de verão de baixo custo também tem um lado mais problemático: o turismo de bebedeira.

Vários jovens atraídos pelo álcool barato e por festas descontroladas não respeitam horários e acabam fazendo algazarra, além de se envolverem em brigas e atos de vandalismo.

O epicentro deste tipo de turismo é Slanchev Bryag ("Costa do Sol"), o principal complexo turístico do país, já batizado pelos estrangeiros como "Ibiza búlgara".

A maioria dos visitantes são britânicos, italianos e alemães, atraídos pelos preços e pelas conexões aéreas de baixo custo.

"A Bulgária se transformou em um destino barato, mas alcoólico, e a culpa é nossa", reconheceu Dimcho Todorov, presidente da Associação do Setor Turístico da Bulgária, em declarações à rádio pública "BNR".

Muitos empresários não veem com bons olhos este tipo de turista porque ele pode arruinar a reputação de um lugar, mas ao mesmo tempo não rejeitam o dinheiro que eles gastam em seus negócios.

"A filosofia das autoridades é se calar e não criticar os turistas por seu comportamento insuportável para não perder dinheiro", comentou à Efe Stanko Mladenov, um turista búlgaro.

"Enquanto isso, toda madrugada lugares como Slanchev Bryag amanhecem cobertos de garrafas e de gente inconsciente nas ruas", acrescentou com frustração.

A música eletrônica, a festa e o jogo são também os principais atrativos turísticos da vizinha Romênia.

Lá, seus quase 250 quilômetros de litoral são visitados, sobretudo, por alemães, israelenses, italianos e britânicos, atraídos pelas festas noturnas e também pelos cassinos.

Em 2016 visitaram a Romênia 10,9 milhões de turistas, 10,4% mais que no ano anterior, segundo dados oficiais.

As autoridades preveem que o turismo na costa romena cresça este ano 26% em relação a 2016, com um total de cerca de 2,5 milhões de visitantes, segundo a Federação de Associações de Promoção Turística da Romênia (FAPT).

As praias mais visitadas são Mamaia e Vama Veche, conhecidas pelas suas enormes discotecas.

"Poderíamos dizer que a região de Mamaia tem os melhores clubes noturnos da Europa do Leste. Tanto é assim que, por exemplo, temos acordos com agências de turismo do Reino Unido que vendem festas de solteiros", disse à Efe a presidente da FAPT, Corina Martin.

Em Mamaia um quarto de hotel pode custar entre 50 e 200 euros por noite, enquanto que Vama Veche é mais barata, com preços entre 40 e 100 euros.

O turismo interno também está crescendo na Romênia, graças a uma melhora do poder aquisitivo e a reduções fiscais, mas este setor contribui apenas com 1,3% do PIB do país.