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OCDE indica que desigualdades entre idosos crescerão nos próximos anos

18/10/2017 11h45

Ángel Calvo.

Paris, 18 out (EFE).- As desigualdades entre os idosos aumentarão no futuro, com maiores riscos de pobreza em idades avançadas devido ao rápido envelhecimento da população e a fatores como os percursos profissionais "irregulares" das novas gerações.

Esta é uma das principais conclusões do relatório publicado nesta quarta-feira pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que indica que os nascidos a partir dos anos 1960 já não experimentarão um aumento dos seus investimentos médios em relação às gerações anteriores, como ocorria na maioria dos países nas últimas décadas.

Ainda que se espere que a expectativa de vida siga subindo, a vida trabalhista dessas pessoas já está marcada por uma maior instabilidade, o que significa períodos de desemprego e de condições contratuais mais precárias, que repercutirão negativamente nas pensões, em particular das pessoas com menor nível educativo.

Além disso, o sistema previdenciário estará submetido a uma pressão superior pela aceleração do envelhecimento, ilustrada pela chamada taxa de dependência.

Em 1980 havia em média 20,5 pessoas nos países da OCDE maiores de 65 anos para cada 100 em plena idade trabalhista (de 20 a 64 anos), uma proporção que subiu para 28 em 2015 e que deve elevar-se a 53,2 em 2050.

O Japão, que já é agora o país com maior taxa de dependência, com 47%, seguido por Itália (37,9%), Grécia (36,1%) e Finlândia (36,1%), seguirá sendo em meados do século, com 77,4%.

Na segunda posição se situará a Espanha, com 75,5%, e depois virão Itália (73,9%), Portugal (72%), Coreia do Sul (71,8%) e Grécia (71,6%).

Por trás disso está, junto à queda da taxa de fecundidade, o aumento da expectativa de vida, que não é linear para toda a população, uma vez que depende muito do nível educativo, da saúde, do emprego ou dos investimentos.

Como exemplo, um homem com educação universitária de 25 anos tem uma expectativa de vida de 7,5 anos a mais que outro da mesma idade sem estudos (entre as mulheres a diferença é de 4,6 anos).

Essa fratura educativa tem sua correlação na vida ativa, já que cerca de 30% dos homens de 50 a 64 anos com baixo nível educativo declaram ter limitações para trabalhar por problemas de saúde, algo que só ocorre com 10% dos universitários dessa idade.

A OCDE constata que as desigualdades nos investimentos estão se alargando com as novas gerações, enquanto que até agora suas condições económicas melhoravam globalmente.

Desde meados da década de 1980, os investimentos do grupo de 60 a 64 anos subiram 13% a mais que para o de 30 a 34 anos, e essa tendência foi particularmente marcada em países como Itália, Espanha, França e Dinamarca.

Mas as evidências sobre os quem vêm atrás preveem uma deterioração dessa situação, entre outras coisas pelas circunstâncias em que se produz a aposentadoria.

De fato, apenas 44% do grupo de 55 a 64 anos com baixo nível de estudos tem trabalho, enquanto a percentagem é de 70% entre os que fizeram estudos superiores.

A OCDE salienta que as gerações nascidas nos anos 1960, agora com cerca de 50 anos, têm investimentos que já não são superiores aos nascidos uma década antes quando tinham a mesma idade. O mesmo ocorre com as gerações dos anos 1970.

A questão reside em saber se isto é o reflexo da recessão que se desencadeou há uma década, ou se será confirmado que é um cenário de fundo.