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Ministério Público do Peru interrogará brasileiro ex-chefe da Odebrecht

24/02/2018 19h30

Lima, 24 fev (EFE).- O Ministério Público Peru interrogará o brasileiro e ex-chefe da Odebrecht para investimentos na América Latina Jorge Barata e o empresário chileno Gerardo Sepúlveda como parte das investigações sobre os vínculos do presidente peruano, Pedro Pablo Kuczynski, com a construtora, informou um comunicado oficial divulgado neste sábado.

O órgão afirmou no texto que a Equipe Especial para o caso "esclareceu que as investigações em torno do presidente Pedro Pablo Kuczynski chegaram de maneira independente a outras nas quais é preciso o depoimento de Jorge Barata".

Este pronunciamento foi emitido depois que o coordenador do MP Rafael Vela informou esta semana que não perguntará a Barata, ex-representante da construtora no Peru, sobre as ligações com Kuczynski, no interrogatório que acontecerá na semana que vem. Vela disse ao jornal "Gestión" que só recebeu as perguntas que fará a Barata nas investigações contra o ex-presidente Ollanta Humala e o partido Força Popular, liderado por Keiko Fujimori.

Perante a polêmica gerada por esta informação, o MP afirmou que o promotor Hamilton Castro, que investiga Kuczynski, garantiu que foi feita uma "solicitação de assistência de cooperação judicial internacional às autoridades competentes do Chile para o depoimento de Gerardo Sepúlveda, ex-sócio do líder". O promotor disse que também "deve interrogar Barata sobre os fatos da investigação em torno do presidente Kuczynski", mas esclareceu que fará isto quando "analisar a informação que já faz parte da pesquisa e aquela que está pendente de receber".

"Desta forma, a Equipe Especial desmentiu que exista algum encobrimento ou direcionamentos, como tem sido assinalado nas últimas horas, por isso não é certo afirmar que Jorge Barata não voltará a depor depois de prestar depoimento para a equipe de promotores", enfatizou a nota oficial.

O órgão interrogará Barata com a intenção de ampliar as declarações já dadas por Marcelo Odebrecht em novembro, nas quais afirmou que a sua empresa apoiou políticos peruanos, como Keiko Fujimori, Alan García, Alejandro Toledo e Ollanta Humala. Odebrecht também disse que considera que Kuczynski "foi contratado como consultor econômico de algumas consultorias e de apresentações, depois de ser ministro e antes de ser candidato".

Kuczynski enfrentou em 21 de dezembro um pedido de cassação apresentado pela oposição no Congresso após ser revelado que uma empresa sua tinha dado consultorias a Odebrecht entre 2004 e 2007, período em que foi ministro do governo de Toledo. A solicitação foi arquivada depois que o presidente negou ter cometido alguma irregularidade, já que a sua empresa era comandada por seu sócio Sepúlveda, e que um grupo de dez legisladores fujimoristas, liderado por Kenji Fujimori, se abstiveram de votar.

No entanto, nas últimas semanas, várias bancadas opositoras anunciaram que apresentarão outra solicitação de cassação diante do surgimento de novas informações de supostos vínculos do governante com Odebrechet, o que foi rejeitado por Kuczynski, que anunciou que não renunciará e se defenderá de qualquer acusação.