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Guerra comercial pode conter expansão global "generalizada", diz FMI

17/04/2018 12h44

Alfonso Fernández.

Washington, 17 abr (EFE).- O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou nesta terça-feira que as disputas comerciais "ameaçam minar a confiança e fazer o crescimento global descarrilar de maneira prematura", em um momento de expansão econômica "positiva e generalizada", com 3,9% de crescimento estimado para 2018 e 2019.

"A economia mundial continua mostrando um impulso generalizado. Frente a esse contexto positivo, as perspectivas de um conflito comercial também generalizado representam um panorama inquietante", disse hoje o economista-chefe do Fundo, Maurice Obstfeld, ao apresentar o relatório de "Perspectivas Econômicas Globais".

A organização dirigida por Christine Lagarde não esconde o seu temor de que as possíveis consequências das tensões comerciais entre Estados Unidos e China afetem o bom momento global.

"O fato de as economias avançadas estejam flertando com a guerra comercial em um momento de expansão econômica generalizada pode parecer paradoxal", advertiu Obstfeld.

Não obstante, o economista-chefe do FMI reconheceu que "o otimismo público, particularmente nas economias avançadas, sobre os benefícios da integração econômica está sendo corroído ao longo do tempo, pelas tendências prolongadas de polarização salarial e de emprego".

Isso contrasta com as projeções econômicas mundiais favoráveis para 2018 e 2019, de crescimento de 3,9% nos dois anos, que estão baseadas no "contínuo comportamento positivo da zona do euro, do Japão, da China e dos Estados Unidos".

"O crescimento global estará respaldado pela confiança favorável dos mercados, pelas condições financeiras acomodatícias, e pelas repercussões nacionais e internacionais da política fiscal expansiva dos EUA", diz o documento.

O Fundo revisou para cima as previsões de crescimento dos EUA, de 2,7% para 2,9% em 2018 e de 2,5% para 2,7% em 2019, "impulsionadas em grande parte pelo estímulo fiscal temporário" após a aprovação dos cortes de impostos desenvolvidos pelo presidente Donald Trump no final de 2017.

A China, por sua vez, deve crescer 6,6% este ano e 6,4% em 2019, sem mudanças em relação ao dado antecipado em janeiro.

"A médio prazo, espera-se que o crescimento chinês sofra uma moderação gradual para 5,5% com um contínuo reequilíbrio do investimento para o consumo", na medida em que diminui progressivamente o apoio através dos canais de crédito e fiscais, diz o relatório sobre o gigante asiático, que vê progressos em sua revisão sobre Pequim.

A outra grande locomotiva emergente, a Índia, seguirá liderando o crescimento global com 7,4% este ano e 7,8% em 2019.

Por sua vez, a zona do euro, depois de anos de crescimento moderado, deve aumentar seu dinamismo e crescer 2,4% este ano, dois décimos a mais que o previsto em janeiro, e 2% em 2019, sem mudanças em relação à previsão feita há três meses.

Concretamente, as perspectivas indicam uma melhora no crescimento das quatro grandes economias do euro para 2018: Espanha (2,8%), Alemanha (2,5%), França (2,1%) e Itália (1,5%).

O crescimento generalizado na zona do euro, segundo o FMI, "reflete uma demanda interna mais forte que a esperada, o apoio da política monetária e uma melhora das perspectivas de demanda externa".

A América Latina também deixou para trás a recessão de 2015 e 2016 e voltará a crescer em torno do 2% este ano, graças à recuperação de Argentina e Brasil e ao saudável crescimento sustentável no México.

A reunião do FMI, que começa hoje e vai até domingo, reunirá em Washington os principais líderes econômicos mundiais dos 189 países-membros para analisar os desafios globais.