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Banco Central da Argentina aumenta taxa de juros de 45% para 60%

30/08/2018 12h13

Buenos Aires, 30 ago (EFE).- O Banco Central da República Argentina (BCRA) decidiu nesta quinta-feira voltar a aumentar a taxa de política monetária, de 45% para 60%, em resposta à "conjuntura cambial atual", marcada pela abrupta desvalorização do peso argentino, e "diante do risco de implicar um maior impacto sobre a inflação".

Em comunicado, o Comitê de Política Monetária do BCRA explicou que decidiu por unanimidade se reunir e aumentar a taxa, apenas 17 dias depois do último aumento, de 40% para 45%, que já vinha precedido de outras fortes altas desde o final de abril, quando começaram as turbulências cambiais que afetam o país.

O texto ressalta que, "para garantir que as condições monetárias mantenham seu viés contracionista", o Comitê se compromete a não diminuir o novo valor da sua taxa de política monetária pelo menos até dezembro.

De forma adicional, a autoridade monetária decidiu elevar em 5% as reservas mínimas para todos os depósitos em pesos, tanto à vista como a prazo para as entidades financeiras compreendidas no "Grupo A", a partir do próximo sábado.

"Um controle mais firme da liquidez no mercado de dinheiro é fundamental para reforçar o compromisso anti-inflacionário da entidade", ressalta o comunicado, que acrescenta que a decisão sobre as reservas "não alterará as exceções e franquias existentes" nem "as contas e depósitos denominados em Unidade de Valor Ajustável (UVAS) ou em moeda estrangeira".

O peso argentino perdia hoje 4,05% do seu valor em relação ao dólar no mercado de câmbio, após vários dias de queda e uma 'quarta-feira negra', na qual se desvalorizou em 8,15%.

A moeda não se recuperou apesar do anúncio de ontem do presidente Mauricio Macri de um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para adiantar um novo crédito de US$ 50 bilhões concedidos em junho.

A taxa de câmbio também não reagiu à intervenção do BCRA, que voltou a vender remessas de dólares para conter as oscilações.

Desde o final de abril, quando começou a ser verificada a abrupta volatilidade cambial que levou o governo a pedir crédito ao FMI, o peso argentino se desvalorizou (segundo valores de hoje) mais de 75%, e quase 90% no ano.

O governo atribui esta crise - que está gerando uma enorme incerteza em uma sociedade atada ao peso, mas que sempre mantém seu olhar voltado à moeda americana - a fatores externos, como as crises no Brasil e na Turquia, e internos, como o escândalo de corrupção que envolve empresários e funcionários dos governos kirchneristas (2003-2015) e que fazem a confiança no país diminuir.