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UE está disposta a eliminar tarifas aos carros perante mesma atitude dos EUA

30/08/2018 11h14

Bruxelas, 30 ago (EFE).- A comissária europeia de Comércio, Cecilia Malmström, abriu nesta quinta-feira as portas para que a União Europeia elimine totalmente as tarifas aos automóveis em seus fluxos comerciais com os Estados Unidos, com a condição de que este país tome medidas recíprocas e retire seus encargos.

"Estamos dispostos a descer para zero inclusive nossas tarifas aos carros (...) se os EUA fizerem o mesmo. Isso tem que ser recíproco", disse Cecilia em um comparecimento perante os eurodeputados da comissão de Comércio Internacional na Eurocâmara.

A comissária disse que isto seria "bom economicamente" para ambas as partes e lembrou que as tarifas adicionais impostas pelos Estados Unidos desde o início da disputa comercial com a UE, a China e outros territórios "danificam internamente" a economia americana.

As palavras ditas hoje pela comissária sueca vai além do acordo político alcançado pelos presidentes da Comissão Europeia (CE), Jean-Claude Juncker, e dos Estados Unidos, Donald Trump, na reunião em Washington realizada em 25 de julho.

Nesse encontro, ambos líderes acordaram uma trégua na escalada comercial através de um compromisso para buscar "zero tarifas, zero barreiras não tarifárias e zero subsídios aos bens industriais não automotrizes".

Os automóveis estiveram no centro da disputa comercial pela constante ameaça de Trump de impor tarifas de 20% aos carros europeus, uma possibilidade que o líder americano não parou de mencionar nem sequer após sua reunião com Juncker, apesar de ter prometido que não haveria tarifas "adicionais" enquanto ambas potências mantivessem conversas comerciais.

A UE e os EUA trabalham nesta "agenda positiva" para suas relações comerciais através de um grupo de trabalho liderado por Cecilia e o responsável de Comércio Exterior americano, Robert Lightheizer.

Estas conversas, recalcou Cecilia, não supõem um "reinício" do acordo de livre-comércio e investimentos entre a UE e os EUA (conhecido como TTIP), bloqueado desde a chegada de Trump à Casa Branca em 2016, mas buscam definir o alcance de um futuro tratado mais limitado e centrado nas tarifas a bens.

"Não estamos negociando nada, temos um grupo de trabalho", esclareceu Cecilia, que afirmou que esta iniciativa parte de um "profundo desacordo" com os EUA na política comercial, incluindo o bloqueio de Washington às nomeações que devem ser feitas no órgão de apelação da Organização Mundial do Comércio (OMC).

A comissária recalcou que Bruxelas "compartilha as preocupações dos EUA" mas não "seus métodos de impor maciçamente tarifas por bilhões (de euros)" à China, Turquia e outros países.

Cecilia acrescentou que, "no contexto desta agenda positiva", tanto ela como Juncker transferiram aos Estados Unidos que desejam a eliminação das tarifas ao aço e ao alumínio, em vigor desde junho, embora não tenham obtido "promessas" neste sentido ".