Economistas acreditam que Brexit será adiado, segundo Banco da Inglaterra
Londres, 16 jan (EFE).- O presidente do Banco da Inglaterra, Mark Carney, disse nesta quarta-feira que os mercados acreditam que a saída do Reino Unido da União Europeia (UE) será adiada, depois da derrota ontem do acordo proposto pelo governo britânico.
"Houve uma marcada alta da libra depois da votação e o comentário nos mercados públicos, que coincide com nossa própria informação, indica que esse aumento reflete a expectativa de que o processo de resolução se estenderá e que a possibilidade de um Brexit sem acordo pode ter diminuído", declarou Carney.
A libra primeiro caiu, mas em seguida se revalorizou frente ao dólar e ao euro, depois que a Câmara dos Comuns rejeitou ontem à noite, por 432 votos contra e 202 a favor, o pacto para a saída da UE proposto pela primeira-ministra Theresa May.
A divisa britânica subia 0,12% esta manhã frente ao dólar, até US$ 1,287, e 0,12% em relação ao euro, até 1,128 euro.
Após abrir em alta, a Bolsa de Londres, por sua parte, perdia 0,57% às 10h35 (horário local, 8h35 de Brasília).
Carney está agora diante da Comissão do Tesouro dos Comuns, onde responde a perguntas dos deputados sobre os riscos para a estabilidade econômica do Reino Unido, que incluem o Brexit, mas também a desaceleração da economia chinesa e a guerra comercial entre este país e os Estados Unidos.
O presidente do Banco da Inglaterra explicou que os mercados, da mesma forma que o país no seu conjunto, esperam que o parlamento assinale "a direção" que há de tomar o processo de saída da UE, e previu que é de se esperar "uma contínua volatilidade".
Contudo, se mostrou confiante que o sistema financeiro britânico está preparado e "resistirá" aos diferentes tipos de impacto que podem acontecer e lembrou que os bancos foram obrigados a separar capital de reserva que poderia "ser liberado para estimular o crédito".
Em novembro do ano passado, o Banco da Inglaterra indicou que um Brexit sem acordo e sem período de transição no próximo dia 29 de março causaria uma queda do Produto Interno Bruto (PIB) de até 8% sobre o nível atual até 2023, o que instigaria uma recessão.
Também previu, nesse cenário de choque máximo, uma desvalorização da libra de até 25% e um aumento da inflação para 6,5%, enquanto o desemprego subiria 7,5% e as taxas de juros poderiam subir até 5,5%.
Por enquanto, a economia britânica se mantém estável, embora desacelerada, e os últimos dados de inflação divulgados hoje pelo Escritório Nacional de Estatísticas indicam que o Índice de Preços ao Consumo (IPC) caiu 2,1% em novembro, seu nível mais baixo em quase dois anos, frente ao 2,3% do mês anterior. EFE
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