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Ambicioso projeto turístico em Israel pretende "ressuscitar" o Mar Morto

26/02/2019 06h01

Laura Fernández Palomo.

Ein Bokek (Israel), 26 fev (EFE).- Entre as montanhas do deserto e as margens do Mar Morto, Israel amplia sua oferta hoteleira com praias artificiais, experiências de lazer, serviços e um passeio marítimo para "ressuscitar" um lugar tão inóspito quanto singular, na localidade mais baixa do mundo.

"Setenta por cento dos turistas estrangeiros visitam o Mar Morto, mas não costumam pernoitar, ou o fazem por apenas um ou dois dias, e queremos que façam parte da grande comunidade de israelenses que vêm atualmente", disse à Agência Efe Nir Kedmi, diretor-executivo da Empresa Governamental para a Preservação do Mar Morto.

Kedmi apresentou o ambicioso projeto do Vale do Mar Morto, com o qual Israel pretende construir mais 17 hotéis, de luxo e alto padrão, entre os atuais e mais antigos complexos de Ein Bokek e Hamei Zohar, unidos no litoral por uma extensa orla marítima.

Nos anos 1970, Israel começou a desenvolver esta região turística ao sul do Mar Morto, e hoje são maioria os israelenses que passeiam com os roupões brancos das saunas dos hotéis e aproveitam os 26 graus de suas águas.

"Esta região tem enorme potencial, com o deserto e um clima perfeito no inverno, quando na Europa o tempo é horrível. Aqui não há chuvas em 99% do ano, e as temperaturas no inverno ficam entre 25 e 11 graus", explicou Amir Halevi, diretor-geral do Ministério do Turismo para o Conselho Regional de Tamar.

Há dois anos avança a remodelação dos complexos hoteleiros atuais, com 4 mil leitos, que dobrará sua capacidade e com a qual pretendem ampliar o mercado para o turismo do exterior, se aproveitando também do recém-inaugurado aeroporto internacional de Eliat, no sul do país.

As águas salgadas do Mar Morto banham as terras da Palestina - no extremo norte - e as de Israel no sul; e na outra margem se estende à Jordânia, cercadas pelas montanhas vermelhas do deserto que emolduram auroras e alvoradas singulares a cada dia.

No lugar mais baixo do mundo, a 400 metros sob o nível do mar, o clima - insuportável no verão com temperaturas que superam os 40 graus - é primaveril no inverno e suas singularidades paisagísticas o transformam em um dos destinos mais visitados.

A proximidade do deserto de Neguev e das ruínas de Masada, onde aconteceu o assédio romano à fortaleza do rei Herodes e o suicídio coletivo de seus defensores durante a Grande Revolta Judaica, misturam história e natureza como seus atrativos.

O lugar também faz parte das histórias bíblicas. Segundo a tradição, foi nas suas imediações que Lot e sua família escaparam de Sodoma e Gomorra, e Deus transformou sua mulher, Edith, em estátua de sal por desobedecer e dar a volta na fuga.

Halevi considera o Mar Morto um dos lugares mais importantes do país, não só pelo que significa hoje, mas por seu potencial, que Israel não tinha priorizado até agora em seus investimentos turísticos, e apela à necessidade de fazer melhorias e reformas que, segundo ele, avançam no ritmo planejado.

Além disso, Halevi mostra confiança de que o projeto segue os parâmetros ambientais para salvar este lago salgado que, se não for encontrada uma solução, poderia desaparecer em décadas, porque atualmente perde mais água por evaporação do que recebe pelos mananciais naturais e está secando.

Na região sul de Israel, a água chega da bacia norte, de maior profundidade, há décadas, de onde bombeiam a água que se assenta em calmas piscinas de água quente, onde os locais passam momentos de lazer nos fins de semana e durante as férias nos hotéis.

"Temos que proteger esta área", aconselha Halevi, que acredita que este projeto turístico também ajuda na preservação de um lugar único no mundo. EFE