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Brasil aposta em etanol e deve perder liderança mundial na produção de açúcar

13/03/2019 20h18

Ribeirão Preto (SP), 13 mar (EFE).- O Brasil deve reforçar na safra 2019/2020 a preferência pelo etanol frente ao açúcar, apesar de a Índia ameaçar a liderança do país no setor no ciclo anterior, que termina em abril, segundo projeções feitas pela consultoria Datagro divulgadas nesta quarta-feira.

"O etanol é um sucesso no Brasil. A substituição da gasolina já chegou a 46%, tanto pela flexibilização dos veículos como pela mistura de combustíveis. Nos Estados Unidos, por outro lado, esse índice não chegou a 10%", disse o presidente da Datagro, Plínio Nastari, na conferência "Abertura de Safra", realizada pela consultoria em parceria com o Santander, em Ribeirão Preto.

A produção do etanol deve ter uma queda de 1% em relação à safra 2018/2019, totalizando 32,3 bilhões de litros, o que não trará impactos no investimento do Brasil na fabricação de combustível.

Os produtores de açúcar, por sua vez, devem colher 29,7 milhões de toneladas no mesmo período, uma alta de 1% em relação à safra anterior, mas que não garante a liderança mundial do país porque a Índia deve produzir mais de 35 milhões de toneladas do produto.

"Tivemos uma melhora do preço do açúcar no mercado, o que deve direcionar 38,8% da cana para a produção açucareira ante 35% do ano anterior", projetou Nastari.

No entanto, o clima favorável na reta final da colheita da safra 2018/2019 e os subsídios concedidos pela Índia devem confirmar tendência apontada por especialistas no ano passado: o país passará o Brasil e se tornará líder mundial na produção de açúcar.

De acordo com o presidente do Fórum Nacional Sucroenergético, André Rocha, os subsídios no Sudeste Asiático distorcem o mercado a ponto de os indianos pagarem mais caro pela cana do que pelo açúcar.

"Além disso, é necessário abrir o mercado de países desenvolvidos para o açúcar brasileiro", afirmou Rocha.

Apesar de a Índia ocupar a primeira posição no ranking mundial de produção de açúcar em 2018/2019, há analistas que cogitam a possibilidade de o Brasil retomar a liderança no próximo ciclo.

Para o representante da Sucden, Eduardo Sia, fatores como área destinada ao plantio, clima e falta de pagamentos "devem reduzir a produção indiana para casa dos 26 ou 27 milhões de toneladas de toneladas no próximo ano-safra".

Com a redução, o Brasil pode retomar o posto de maior produtor mundial, enquanto se favorece com o sucesso do etanol.

O Brasil fica atrás apenas dos Estados Unidos na produção de etanol e se reveza com os americanos em relação às exportações. Em 2018, o país vendeu 1,69 bilhão de litros ao exterior.

O desejo do setor é que o governo federal exija, como contrapartida a uma possível abertura brasileira ao etanol americano, uma facilitação na entrada do açúcar nacional nos EUA.

Quanto à exportação de açúcar, o Brasil continua líder por consumir cerca de 10 milhões de toneladas por ano. A Índia, apesar de produzir mais, utiliza a maior parte do produto para abastecer o mercado interno.

O rendimento agrícola da cana no Brasil deve crescer, em média, 2% na próxima safra, o que deve aumentar a produção da planta de 570 milhões para 583 milhões de toneladas. EFE