Onda de blecautes aprofunda ainda mais crise financeira no Zimbábue
Harare, 14 mai (EFE).- Uma onda de blecautes no Zimbábue, causados principalmente pela seca, se somou nos últimos dias à situação de crise vivida no país, onde a inflação e a falta de divisa estrangeira afetam a vida de milhões de cidadãos há meses.
Os blecautes, que duram até oito horas por dia, aumentam a carga econômica de famílias que vivem com rendas baixas, segundo afirmou à Agência Efe o diretor do Patronato de Residentes de Harare, Precious Shumba.
Estas famílias necessitam agora também de dinheiro para pagar velas, madeira para fogueiras, gás para cozinha e proteção térmica diante da chegada do frio do inverno da África Austral.
"Há um desabastecimento de todas estas coisas e o custo chegou a um preço impagável para a maioria das pessoas", explicou Shumba.
Os residentes da capital com menos receitas costumam pagar o que equivaleria a US$ 8 por mês pela eletricidade. Agora necessitam do triplo para encontrar alternativas à falta de luz, segundo este morador.
O governo zimbabuano anunciou que a produção de energia da usina hidrelétrica nacional de Kariba Hydro, situada no rio Zambezi (norte), teria que ser reduzida.
A Autoridade do Rio Zambeze, encarregada da gestão desta central, disse que os níveis de água do rio estavam em 33%, quando no ano passado era de 71%.
Isto se deve às poucas chuvas que caíram na região, o que também está afetando as colheitas e provocando uma situação de insegurança alimentar cada vez mais generalizada no país, onde 5,3 milhões de pessoas necessitam de assistência para se alimentar.
A Companhia de Distribuição e Transmissão de Eletricidade do Zimbábue (ZETDC) destacou que os cortes de energia afetarão povoados e cidades de todo o país. Em Harare, os cortes começaram no começo do mês.
Por sua vez, o chefe da Confederação de Indústrias do Zimbábue (CZI), Sifelani Jabangwe, disse à Efe que sua organização pressionará o governo para que mantenha o fornecimento elétrico nas áreas industriais e limite os cortes somente a áreas residenciais, uma vez que, se "atingirem o setor industrial, afetará nossas operações".
"No momento em que não temos eletricidade, não estamos produzindo nada. Temos que pagar as pessoas para estarem sentadas. Será desastroso porque depois teremos que repassar nossos custos (ao cliente) e isso pode alimentar a instabilidade dos preços", indicou Jabangwe.
Isto representaria uma alta ainda maior dos preços nas lojas e mercados, que vêm aumentando desde outubro devido à escassez crônica de dinheiro e de divisa estrangeira.
O ministro de Energia zimbabuano, Joram Gumbo, afirmou que o governo considerará usar as poucas moedas estrangeiras que circulam no país para importar energia de países vizinhos, como Moçambique e África do Sul, para compensar as deficiências locais.
Nos últimos meses, a mobilização civil e a ira aumentaram neste país africano por conta da escassez de dinheiro e de combustível, assim como pelo aumento exagerado dos preços.
Os preços nas lojas aumentaram em linha com a taxa de câmbio do mercado negro, já que a maioria do varejo é reabastecido com produtos importados comprados com moeda estrangeira obtida no mercado negro. EFE
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.