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OCDE reduz perspectivas de crescimento global e cita tensões comerciais

21/05/2019 11h09

Ángel Calvo.

Paris, 21 mai (EFE).- A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) rebaixou nesta terça-feira suas previsões econômicas para os principais países do mundo, com a notável exceção dos Estados Unidos, e fez um apelo urgente para que se detenha a escalada de tensões comerciais, o pode piorar as perspectivas ainda mais.

No relatório semestral de perspectivas divulgado hoje, a OCDE calcula que mais atritos entre Estados Unidos e China poderiam diminuir o Produto Interno Bruto (PIB) mundial em seis décimos em dois ou três anos.

Por isso, a organização pediu aos governos - em mensagem especialmente dirigida ao presidente dos EUA, Donald Trump, mas sem citá-lo - que "utilizem todas as ferramentas políticas disponíveis" de forma urgente para retomar as negociações comerciais multilaterais, algo que considera "imperativo".

O argumento para convencer os Estados Unidos é "a interdependência das economias" que funcionam com cadeias de produção além das fronteiras, ou seja, que o arrefecimento global acabará afetando os americanos no fim.

A organização revisou para baixo os cálculos sobre o PIB mundial, que depois de registrar uma expansão de 3,5% em 2018, ficará em 3,2% neste ano (três décimos a menos do que o estimado há seis meses) e em 3,4% em 2020 (um a menos), claramente abaixo da média registrada nas três últimas décadas.

Entre os países que sofreram as maiores revisões estão os que mais dependem do comércio exterior e do setor manufatureiro.

A Alemanha é o melhor exemplo, com um crescimento esperado para este ano de apenas 0,7%, nove décimos a menos do que a previsão da própria OCDE feita em novembro, e de 1,2% em 2020 (dois a menos).

Na mesma linha, a Itália ficará estagnada em 2019, o que representa nove décimos a menos do que a previsão de seis meses atrás, e só crescerá 0,6% no próximo ano (três décimos a menos).

O impacto será menor para a França - mais dependente de sua demanda interna - com uma progressão do PIB de 1,3% tanto neste ano (três décimos a menos) como no próximo (dois décimos a menos).

Em conjunto, os autores do relatório reduziram as perspectivas para a zona do euro em seis décimos para 2019 (para 1,2%) e em dois para 2020 (até 1,4%).

A Espanha toma distância dessa tônica geral, já que seus números não mudam - claramente melhores do que a média da zona do euro - com relação às perspectivas apresentadas em novembro graças ao vigor do consumo interno.

De qualquer forma, o ritmo da economia espanhola também sofrerá uma desaceleração neste ano, com um crescimento de 2,2%, após o de 2,6% registrado em 2018. Isso aumentará ainda mais em 2020, com 1,9%.

Porém, o país que verdadeiramente estabelece um contraponto é os Estados Unidos, com uma das maiores taxas de crescimento do mundo desenvolvido, e que, além disso, foram revisadas para cima neste relatório.

O PIB americano crescerá 2,8% neste ano, um décimo a mais do que foi antecipado há seis meses, e 2,3% em 2020 (dois décimos a mais).

A OCDE manifestou inquietação pela China, mas manteve suas perspectivas com uma leve correção para 2019 (6,2% de crescimento do PIB, um décimo a menos do que em novembro) e sem mudanças para 2020 (6%).

A razão para isso é a política fiscal e monetária do país asiático, que não gera apenas incerteza sobre a atividade, mas pode contribuir para que as dívidas das empresas, que já estão em nível recorde, continuem aumentando.

Sobre a zona do euro, a OCDE insistiu que os governos deveriam aproveitar a conjuntura de juros baixos para complementar as reformas estruturais com um estímulo fiscal por parte dos países que têm margem para fazer, porque a dívida é relativamente baixa, com a Alemanha em primeiro lugar.

Segundo os cálculos da organização, se for adicionada a essas reformas estruturais - que poderiam elevar a produtividade em dois décimos percentuais por exercício fiscal durante cinco anos - um estímulo fiscal de cerca de 0,5% do PIB nesses países com margem, a longo prazo seria possível conseguir cerca de um ponto de PIB suplementar. EFE