Mais de 2 milhões de cambojanos podem perder terra por microcréditos abusivos
Bangcoc, 7 ago (EFE).- Mais de 2,3 milhões de cidadãos do Camboja correm risco de perder suas propriedades por dívidas feitas após empréstimos concedidos por instituições de microcrédito em condições abusivas, denunciaram nesta quarta-feira grupos de ativistas.
No final de 2018, o volume destes créditos no Camboja superava US$ 8 bilhões, de acordo com um estudo das organizações locais de defesa dos direitos humanos Licadho e STT, que denunciaram violações de direitos humanos. Essa quantia faz com que o país tenha a maior proporção do mundo de microcréditos por pessoa, com cerca de US$ 3.370, valor maior do que o dobro do PIB per capita do país, que em 2017 era de US$ 1.384.
As duas organizações denunciam que as pessoas que fazem empréstimos concedem os créditos com elevados juros e títulos de propriedade como garantia e que vão atrás de clientes vulneráveis. Segundo o estudo, as entidades de microcrédito "pressionam" os clientes em zonas rurais para que se desfaçam das terras mais produtivas para pagar a dívida. Também asseguram que o pagamento da dívida leva às famílias a forçar menores de idade a trabalhar, empurra outros membros a emigrar e reduz o orçamento para a compra de comida.
Em 2017, o governo cambojano fixou um máximo de 18% de juros na concessão de microcréditos - que até então oscilava entre 20% e 30% - para os quais os credores respondiam com a cobrança de comissões antecipadas, segundo a investigação.
A maioria dos microcréditos é concedido por entidades que contam como parceiros ou acionistas em Bancos Centrais e agências de desenvolvimento de países como Áustria, Alemanha, Espanha, França, Holanda e Reino Unido, e de organismos internacionais como o Banco Asiático para o Desenvolvimento e o Banco Mundial.
As duas organizações pediram a estes países e instituições que cooperem com o governo cambojano para estabelecer mecanismos de pagamento de dívida e evitar que as pessoas que fazem empréstimos usem os títulos de propriedade como garantia. EFE
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