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Visa: Sem fintech, setor financeiro é como mundo sem internet

04/12/2019 22h24

Miami, 4 dez (EFE).- Um setor financeiro formado apenas por bancos seria como um "mundo sem internet", e por isso, para a Visa, é "tão importante estar no ecossistema" das empresas de tecnologia emergente, as chamadas "fintech", embora seu "principal parceiro" ainda sejam os bancos.

A afirmação foi feita nesta quarta-feira à Agência Efe por Arnoldo Reyes, vice-presidente de Alianças Estratégicas, Fintech e Empreendedorismo para a América Latina da Visa, no dia de encerramento do evento FINNOSUMMIT Miami, organizado pela Lendlt Fintech.

A empresa de tecnologia focada em pagamentos escolheu esse fórum realizado em Miami para celebrar a final do concurso Visa Everywhere Initiative (VEI) 2019 para a América Latina e o Caribe, que é dotado de um prêmio em dinheiro de US$ 50 mil.

A empresa vencedora foi a mexicana Flexio, fundada e desenvolvida por uruguaios, que oferece a milhões de pessoas sem acesso ao crédito no México a possibilidade de adquirir bens e serviços em parcelas utilizando um cartão de débito.

Nathan Schorr, um dos fundadores da Flexio, disse à Efe que este prêmio significa que ele e sua equipe devem trabalhar "ainda mais" para chegar onde querem, que é ajudar mais pessoas a terem acesso a serviços de saúde, educação e viagens que, de outra forma, não poderiam pagar.

Schorr acrescentou que 30% dos latino-americanos acima de 18 anos não têm cartão de crédito, uma "enorme lacuna" que a Flexio está motivada a reduzir.

Ainda de acordo com o executivo, o México é o principal mercado para a Flexio, e a empresa ainda tem muito a fazer no país antes de se expandir internacionalmente.

Questionado pela Efe se fornecedores e vendedores que aceitam a Flexio também ganham com essa solução, Schorr ressaltou que um desses clientes relatou um aumento nas vendas de 29% ao adicionar entre seus clientes pessoas que não podiam pagar por seus serviços devido à falta de cartões de crédito.

Além de Schorr, Gonzalo Blanco, Juan Manuel Sobral e Federico Sendra, todos uruguaios, são fundadores da Flexio.

Por sua vez, Reyes destacou que nesta edição do VEI para a América Latina, a terceira, 300 candidaturas foram apresentadas, mas finalmente 190 empresas concorreram e, desse total, apenas 12 passaram para a final.

A edição de 2019 teve uma abordagem mais prática, com o objetivo de encontrar startups inovadoras numa fase de crescimento capaz de revolucionar os serviços financeiros.

Os concorrentes foram convidados a resolver três desafios da vida real nos domínios do comércio eletrônico, dos prômios e da aceitação de pagamentos.

Neste ano, o VEI adicionou um programa de imersão focado no desenvolvimento de um piloto ou prova de conceito (PoC) com a Visa e seus clientes para ajudar a acelerar a liberação das melhores soluções visionárias para o mercado.

Reyes disse à Efe que, em edições anteriores, havia empresas com "conceitos muito agradáveis", mas que não estavam prontas para entrar no mercado imediatamente, pois ainda precisavam desenvolver sua solução tecnologicamente.

Para este ano isso mudou, e todas as empresas tiveram um maior grau de "maturidade". Entre os finalistas estavam empresas de Argentina, Brasil, México e Colômbia, como também da Guatemala, algo muito notável, segundo o vice-presidente de Alianças Estratégicas, Fintech e Empreendedorismo da Visa para a América Latina.

Para Reyes, mesmo que não ganhem o concurso, as empresas participantes têm sorte, porque vão continuar de alguma forma relacionadas à Visa, que, segundo ele, pode ser considerada a maior "fintech" do mundo.

Facenote, Druber e Pareto SA, da Argentina; DinDin, Zen Finance e Zrobank, do Brasil; Peiky, Tiendapp e Zinobe, da Colômbia; Pagalo, da Guatemala, e Kublau e Flexio, do México, foram os finalistas.

Hoje, bancos e instituições financeiras - a Visa tem um relacionamento com mais de 15.000 pessoas em todo o mundo - estão interessados em que a empresa com a maior rede de pagamentos do mundo os mantenha atualizados com o que acontece no ecossistema das fintech.

A Visa não só conta com a iniciativa VEI, como também possui alianças estratégicas com empresas já consolidadas como a Rappi, um superaplicativo para celulares presente em nove países. A empresa, com sede na Colômbia, é um dos "unicórnios" (startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão) latino-americanos.

Além disso, a Visa realiza investimentos estratégicos em empresas como a NovoPayment, uma plataforma de serviços bancários líder em sua categoria e com presença em 12 países das Américas. Neste caso, a parceria estratégica existe há dois anos e acaba de ter uma expansão anunciada na FINNOSUMMIT Miami.

Fundada há 60 anos, a Visa tem a maior rede de pagamentos do mundo e é "a mais confiável para movimentar valor", disse Reyes.

Uma das maiores preocupações da Visa consiste em saber como contribuir para a inclusão digital e, consequentemente, financeira, mas busca igualmente aumentar o nível de aceitação dos pagamentos, ou seja, fazer com que haja mais empresas que aceitam cartões de crédito.

"Existem mais de 3 bilhões de cartões de crédito em todo o mundo, e apenas 50 milhões de comerciantes físicos e online que aceitam pagamentos com cartão de crédito", afirmou Reyes.

Na América Latina, onde a economia informal tem um peso importante, "você vê mais desequilíbrio" do que na Europa ou nos Estados Unidos, acrescentou. EFE