Coronavírus coloca cadeia de abastecimento dos EUA sob pressão
A Consumer Brands Association (CBA), grupo que reúne as empresas de alimentos dos EUA, fez soar o alarme e na terça-feira apelou ao governo para que aja no sentido de garantir que os trabalhadores estarão protegidos e os supermercados continuarão a ser abastecidos.
"Os EUA não estão ficando sem produtos. Mas as prateleiras vazias revelam que a cadeia de abastecimento está sob pressão e que o governo e a indústria têm de resolver isso juntos", afirmou no Twitter o grupo, que representa gigantes como Nestlé e Campbell Soup, no Twitter.
Por outro lado, sindicatos e organizações defensoras dos migrantes denunciaram que frigoríficos, como a JBS USA (filial da empresa), estão colocando em risco a vida dos funcionários por não usarem máscaras ou luvas e trabalharem em ambientes superlotados.
MORTE DE FUNCIONÁRIOS.
Na semana passada, morreu por coronavírus Saúl Sánchez, de 78 anos, que trabalhou na unidade da JBS em Greeley durante três décadas. Beatriz Rangel, filha do trabalhador, fez a denúncia em entrevista coletiva nesta terça-feira.
"Vamos enterrar o meu pai amanhã, tem sido muito difícil", disse Beatriz, que acusou a JBS de "não ter feito nada" para proteger o pai, que devido à idade estava no grupo de risco.
Ela denunciou que os trabalhadores não tinham equipamento para se proteger e que, quando o pai testou positivo para o novo coronavírus, notificou a JBS para alertar a empresa, de modo que tomasse medidas para ajudar os demais funcionários, mas que não obteve nenhuma resposta.
Ao todo, três pessoas que trabalhavam para a JBS ou para a Tyson Foods, um dos principais produtores de carne dos Estados Unidos, já morreram por Covid-19, segundo dados divulgados pela Liga dos Cidadãos Latino-Americanos Unidos (Lulac), um grupo de defesa dos migrantes.
IMPACTO SOBRE A ECONOMIA LOCAL.
A JBS não comentou a morte de Sánchez, mas na segunda-feira anunciou que decidiu fechar a unidade de Greeley até 24 de abril porque o condado de Weld, onde está localizada, já registrou 740 contágios.
"A nossa fábrica em Greeley é extremamente importante para a cadeia de abastecimento dos EUA e para os produtores locais, mas a propagação do coronavírus no condado de Weld exige que tomemos medidas decisivas", disse em comunicado Andre Nogueira, CEO da JBS USA.
Weld depende economicamente da unidade da JBS, que emprega diretamente 6.000 pessoas, 2% da população do condado, e também gera indiretamente um grande número de empregos. Um exemplo disso são os criadores de gado, que agora não terão para onde enviar os animais para o abate.
ABASTECIMENTO DE CARNE NO LIMITE.
Pelo menos 12 empresas do setor anunciaram o fechamento de algumas instalações nos Estados Unidos. Uma das mais notáveis foi a unidade da Smithfield em Sioux Falls, na Dakota do Sul, que é responsável por 5% da carne de porco consumida em todo o país e onde 300 dos 3.700 colaboradores tiveram resultados positivos no teste de coronavírus.
O CEO da Smithfield, Kenneth Sullivan, afirmou na segunda-feira que o fechamento da fábrica de Sioux Falls e outras está colocando os EUA "perigosamente perto do limite em termos de abastecimento de carne", o que poderá deixar prateleiras vazias nos supermercados.
"É impossível manter as nossas lojas abastecidas se as nossas fábricas não estiverem funcionando", avisou Sullivan.
A interrupção do abastecimento de carne poderá ter um grande impacto na vida nos Estados Unidos, um dos principais países consumidores de carne do mundo.
Em média, os americanos comem cerca de 120 quilos de carne por ano, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
Os Estados Unidos são o país com mais casos confirmados de Covid-19, quase 600 mil, entre eles 25.239 mortes, de acordo com os últimos dados da Universidade Johns Hopkins.
Beatriz Pascual Macías.
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