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Petróleo WTI despenca 305% e é cotado em valor negativo pela 1ª vez

21/04/2020 02h38

Nova York, 20 abr (EFE).- O Petróleo Intermediário do Texas (WTI) teve nesta segunda-feira uma histórica queda de 305% e, pela primeira vez na história, foi negociado com preço negativo, cotado a -US$ 37,63 por barril, com os operadores muito preocupados com a queda na demanda devido à pandemia do coronavírus e ao grande volume de estoques.

Ao final das negociações do dia na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex), os contratos futuros do WTI para entrega em maio despencavam US$ 55,90 em relação ao pregão anterior, da última sexta-feira.

Analistas do mercado destacaram que os contratos de maio deixarão em breve de ser a referência para o WTI e, a partir de amanhã, a evolução dos futuros de junho terá que ser analisada em termos de seu volume de demanda. Na verdade, hoje os contratos de junho estão em US$ 20,43 com demanda cinco vezes maior que a de maio.

De qualquer forma, os investidores queimaram as pontes de seu pessimismo de curto prazo, esperando uma reação da demanda para junho, quando esperam uma reação da economia e um consequente aumento das necessidades de petróleo.

A diferença entre os contratos de maio e junho é agora a maior da história, segundo o analista Jeff Kilburg, da KKM Financial.

"Este é um fenômeno devido à expiração do contrato de maio, junto com a queda histórica do petróleo", disse.

CAPACIDADE DE ESTOCAGEM É FUNDAMENTAL.

"O colapso (...) é principalmente um reflexo dos comerciantes que assinaram contratos até junho, pois ninguém quer receber, já que a capacidade de estocagem está quase completa", alertou Edward Moya, analista sênior de mercado da Oanda.

Este também é um ponto importante para entender o comportamento do WTI: não há mais locais de armazenamento, e as grandes operações do governo dos EUA para acumular estoques têm baixo percurso, então um comprador pode conseguir dinheiro para comprar barris, embora o volume caia drasticamente, porque não há lugar para estocá-lo.

Sobre esse aspecto, a consultora de energia Rystad Energy disse em nota que o mercado sabe que os estoques de petróleo bruto nos EUA serão preenchidos muito rapidamente, pois as refinarias continuam a reduzir as atividades "enormemente" devido à falta de possibilidades de armazenamento, especialmente de gasolina não vendida.

"Acreditamos que os estoques comerciais de petróleo bruto nos Estados Unidos estarão em níveis sem precedentes até o final de abril", concluiu a Rystad Energy.

A pandemia de coronavírus deu um duro golpe na atividade econômica em todo o mundo e reduziu a demanda por petróleo.

Enquanto a Opep e seus aliados produtores de petróleo finalizaram um pacto histórico no início deste mês para reduzir a produção em 9,7 milhões de barris por dia a partir de 1º de maio, muitos argumentam que ainda não será suficiente para contrabalançar a queda na demanda.

O retorno à normalidade, pelo menos em termos de atividade econômica, deve ajudar os preços do petróleo em todo o mundo, especialmente se eles ocorrerem junto com os cortes de cerca de 10 milhões de barris por dia (bpd) pactuados pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seus parceiros, e se países não-membros da Opep contribuírem para o ajuste.

Neste contexto, os contratos futuros de gasolina com vencimento em maio caíram para US$ 0,66 por galão, e os futuros de gás natural com vencimento no mesmo mês ficaram em US$ 1,92 por mil pés cúbicos.