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Mineração marinha: a indústria do futuro que prejudicará ecossistemas

29/04/2020 19h14

Berlim, 29 abr (EFE).- Um novo estudo do Instituto Max Planck de Microbiologia Marinha alerta para o perigo futuro que a mineração no fundo do mar pode representar para o funcionamento dos ecossistemas naturais e das comunidades microbianas que os habitam.

A tecnologia para mineração em alto mar ainda não está disponível, mas os depósitos de compostos ali encontrados podem aumentar de valor à medida que a demanda por eles em terra aumenta.

Na superfície do fundo do mar, há um grande número de nódulos polimetálicos, sedimentos contendo manganês, ferro, cálcio e outros metais úteis para a produção de, por exemplo, baterias e produtos tecnológicos, e sua extração vem sendo planejada há anos.

É por isso que o relatório publicado pelo Instituto Max Planck coloca o foco nos habitantes dessas planícies marinhas, que convivem com materiais economicamente rentáveis. Eles seriam diretamente afetados por esses projetos de mineração.

Cientistas alemães já tentavam em 1989 prever os efeitos dessas práticas, criando a 4 quilômetros abaixo da superfície, em uma área do Oceano Pacífico a 3 mil quilômetros da costa do Peru, distúrbios semelhantes aos que resultariam da mineração marinha.

Um dos autores do estudo, Tobias Vonnahme, também participou dessa experiência há 26 anos, e diz que ainda hoje as marcas estão visíveis no fundo do mar, e que as bactérias que o habitam foram claramente afetadas. Nesse caso, segundo seus cálculos, os organismos não recuperarão suas funções normais por pelo menos 50 anos.

O líder do grupo no instituto, Antje Boetius, afirma que eles não serão afetados apenas pelo próprio movimento que as operações causariam. No experimento usado como base, as condições bioquímicas também mudaram.

Durante a extração dos nódulos polimetálicos, a primeira camada de sedimento no fundo do mar seria removida, o que por si só é muito estável, pois está longe das correntes oceânicas, prejudicando extremamente os ecossistemas que ali sobrevivem.

O estudo é um dos poucos a analisar o impacto da mineração marinha, uma indústria que até agora tem sido impraticável, mas que pode ser desenvolvida em pouco tempo. "Um dos nossos objetivos é promover tecnologias ecologicamente sustentáveis que evitem eliminar a camada superior densamente povoada e ativa do fundo do mar", salientou Boetius.