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Após melhora em março, economia da Argentina segue "em pausa" há 2 meses

21/05/2021 05h44

Natalia Kidd.

Buenos Aires, 20 mai (EFE).- A economia da Argentina registrou em março uma notável melhora em comparação com os devastadores indicadores de um ano atrás, mas está estancada há dois meses, contribuindo para a incerteza nas projeções sobre a continuidade e o nível de recuperação nos próximos meses.

De acordo com o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec), a atividade econômica argentina registrou em março um aumento de 11,4% em comparação com o mesmo mês de 2020, a primeira alta anual após 19 meses consecutivos em queda.

Contudo, a magnitude significativa do crescimento é dada em relação a uma base de comparação anual muito baixa, uma vez que março de 2020 foi marcado pelas primeiras e graves restrições sanitárias emitidas pelo governo do presidente Alberto Fernández em meio à pandemia de covid-19.

Além disso, o relatório oficial oferece outros dados pouco otimistas: a atividade econômica caiu 0,2% no terceiro mês do ano em comparação com fevereiro, quando o indicador já havia registrado queda de 0,9%.

A Argentina somou, dessa forma, dois meses consecutivos com a economia em "modo de pausa", estagnando a recuperação ensaiada entre maio de 2020 e janeiro.

EVOLUÇÃO DESIGUAL.

Os dados do Indec revelam que apenas metade das 16 atividades incluídas no indicador tiveram melhoras de ano para o outro em março.

De acordo com o relatório divulgado nesta quinta-feira, os setores que apresentaram maiores níveis de recuperação foram a pesca (59,2%), a construção (44,1%), a manufatura (28,9%) e o comércio (23,3%).

Entretanto, o setor que apresentou o pior desempenho anual foi o dos hotéis e restaurantes (-22,3%), que continua a ser duramente atingido por restrições sanitárias.

No primeiro trimestre do ano, a economia argentina acumulou um crescimento de 2,4%.

HORIZONTE INCERTO.

O produto interno bruto (PIB) da Argentina sofreu uma queda de 9,9% no ano passado, aprofundando a recessão que começou em 2018.

Embora as previsões para este ano sejam de recuperação, o verdadeiro tamanho que o ricochete terá é cada vez mais discutido entre especialistas.

Os economistas privados que o Banco Central argentino consulta todos os meses para o seu relatório de expectativas projetam um aumento de 6,4%.

Muitos analistas advertem que as previsões poderão ser revistas para baixo se a pandemia piorar e o governo for forçado a ampliar as restrições sanitárias já em vigor, algo que pode acontecer nas próximas horas.

Em abril, após vários meses de desconfinamento progressivo, o governo teve de reforçar as restrições em meio ao avanço da segunda onda de covid-19 que, apesar dessas medidas, permanece forte, com um recorde diário de 39.652 novos contágios na quarta-feira.

Segundo um relatório da empresa de consultoria Orlando Ferreres, para os próximos meses, embora os números anuais continuem a ser positivos pela baixa base de comparação, as perspectivas "não são alentadoras".

"Os receios sobre a chegada de uma segunda onda materializaram-se e atualmente o nosso sistema de saúde está atravessando o seu momento mais crítico desde o início da pandemia, e certamente veremos restrições que terão impacto na atividade", analisou a empresa de consultoria.

Orlando Ferreres observou também que os indicadores macroeconômicos da Argentina "continuam a apresentar um panorama complexo que requer reformas fundamentais difíceis de implementar, especialmente durante um ano eleitoral", no qual serão realizadas eleições legislativas.

O economista Martín Calveira, da IAE Business School da Universidade Austral, observou que a aceleração dos contágios e a "baixa eficiência da vacinação" representam um cenário "desfavorável" de "elevada incerteza".

"Este cenário de incerteza não só afeta a produção e o consumo, mas também as decisões de investimento. Neste contexto, os fatores de vulnerabilidade são evidentes como a dinâmica ascendente dos preços a partir do último trimestre de 2020, tensões cambiais e uma macroeconomia com alguma falta de coordenação, ainda mais em ano eleitoral", advertiu Calveira em relatório.