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Itália apoia veto ao gás russo se servir para alcançar a paz na Ucrânia

O primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi - John Thys/AFP
O primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi Imagem: John Thys/AFP

Roma

06/04/2022 23h47

O primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, disse nesta quarta-feira que o país apoia um possível veto às importações de gás russo, apesar de sua forte dependência, já que compra 45% do seu abastecimento anual de Moscou, se esta medida colocar uma pressão sobre o Kremlin para parar a invasão da Ucrânia.

"As sanções ao gás russo não estão, e não sei se algum dia estarão, sobre a mesa, mas à medida que a guerra continua, mais aumenta a pergunta sobre o que pode ser feito para enfraquecer a Rússia, para fazer ela parar seu ataque" e negociar uma paz com a Ucrânia, disse Draghi, durante entrevista coletiva para apresentar a atualização do quadro macroeconômico para 2022.

"Vamos apoiar as decisões da União Europeia. Se for proposto um veto à compra de gás, teremos todo o prazer em apoiá-lo, queremos os instrumentos mais eficazes para alcançar a paz", acrescentou.

O ex-presidente do Banco Central Europeu (BCE) disse que os líderes da União Europeia devem questionar se preferem a paz "ou manter o ar-condicionado ligado".

A UE estuda promover novas sanções à Rússia, que incluem a proibição da importação de carvão, embora no momento não estejam previstas medidas contra petróleo e gás. O bloco comunitário é fortemente dependente de Moscou, importando cerca de 40% do gás e 27% do petróleo.

Draghi também descartou que a médio prazo a Itália possa estar em dificuldades devido a uma possível interrupção do gás russo e disse que "se parasse hoje, até o final de outubro" o país "estaria coberto por reservas, não haveria consequências".

Mapa Rússia invade a Ucrânia - 26.02.2022 - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL

Diante do aumento dos preços da energia, afirmou ser fundamental que os Vinte e Sete acordem brevemente um plano, que inclui, entre outras coisas, colocar um teto no preço do gás para conter o aumento dos custos nas faturas de energia.

"Seria o mais racional, a nível europeu. A UE tem um poder de mercado extraordinário que pode exercer impondo um preço que seja remunerativo para as empresas, mas não tão elevado como o atual", justificou.

No entanto, a UE não chegou a um acordo, lamentou, e é por isso que a Itália continuará aplicando medidas a nível nacional para apoiar as empresas e as famílias e evitar um impacto na atividade produtiva e no consumo doméstico.