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Netflix perde um terço do valor na bolsa e gera dúvidas sobre futuro

20/04/2022 20h36

Nora Quintanilla.

Nova York, 20 abr (EFE).- A Netflix chegou a perder nesta quarta-feira mais de um terço do valor na bolsa, cerca de US$ 55 bilhões, após revelar que perdeu assinantes pela primeira vez em uma década, gerando dúvidas sobre seu futuro e dos rivais.

Uma hora antes do fechamento do pregão em Wall Street, as ações da Netflix despencavam mais de 36% em uma reação muito negativa dos investidores aos resultados do primeiro trimestre divulgados na véspera, que refletiam erros de cálculo sobre o crescimento da empresa.

Várias entidades financeiras rebaixaram o nível de atratividade da empresa, que parece estar em seu pior dia de negociação desde 2011, após a surpreendente perda de 200 mil assinantes entre janeiro e março, uma vez que a estimativa interna era de que ganharia mais 2,5 milhões de clientes.

A plataforma, que reduziu levemente o lucro em relação a 12 meses atrás porque as margens foram comprimidas, não parece ter planos imediatos para melhorar a situação e antecipa uma perda de inscritos muito superior no atual trimestre, de 2 milhões de usuários.

Os executivos da Netflix atribuíram os números piores do que o esperado ao aumento da concorrência no setor do streaming e a outros fatores, como a inflação, os efeitos econômicos da guerra na Ucrânia e o encerramento das filmagens devido ao coronavírus.

Mas apontaram como um problema que quase metade dos seus 221,64 milhões de assinantes compartilham contas com outras residências, um aspecto que querem monetizar e ao qual acrescentariam outro possível fluxo de receitas, um modelo de assinatura mais barato e com anúncios.

As medidas não foram bem recebidas por entidades como a Wells Fargo, cujos analistas consideraram que "desfocam o perfil de retorno e fazem a Netflix perder o brilho", de modo que o seu futuro "é tão claro como a lama", de acordo com o portal "MarketWatch".

"Embora os seus planos para reacelerar o crescimento (limitando o compartilhamento da senha e acrescentando um modelo apoiado por anúncios) tenham mérito, admitiu que só terão impacto em 2024, que está muito longe", acrescentaram os analistas do Bank of America.

O analista Rich Greenfield, da LightShed, disse à "CNBC" que a base de assinantes "está caindo mais cedo" do que o esperado e isso é também um "problema" para os concorrentes porque o "negócio de streaming parece menor, muito mais competitivo e menos rentável".

Na chamada "guerra do streaming", a Netflix ainda lidera contra Disney+ e Amazon Prime Video, mas os especialistas apontam para uma ameaça a todo o setor: o retorno à normalidade após a era dourada que a pandemia significou para o lazer e o entretenimento digital.

Neste sentido, o analista Craig Erlam, da Oanda, considera a Netflix "está sofrendo as sequelas da sua fase de crescimento impulsionada pela pandemia", mas também ressalta que o seu serviço e outros como ela podem ser dispensáveis em tempos de aperto de contas.

De fato, vários dos rivais da plataforma que apresentarão os resultados trimestrais nos próximos dias também foram arrastados por expectativas negativas nesta quarta-feira, incluindo Paramount (-6,6%), Warner Bros Discovery (-6%), Disney (-4,09%) e Roku (-3,55%). EFE