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Alberto Fernández defende Mercosul "unido" e em tratado conjunto com a China

21/07/2022 20h53

Luque (Paraguai), 21 jul (EFE).- O presidente da Argentina, Alberto Fernández, defendeu nesta quinta-feira sua aposta em um Mercosul "unido", diante dos problemas decorrentes da invasão russa na Ucrânia, e propôs a negociação de um acordo comercial conjunto com a China dentro do bloco, em referência às tentativas do Uruguai de avançar individualmente em um acordo com a nação asiática.

"Nesse cenário difícil, a única coisa que peço a todos nós é que não iludamos com a ideia de nos separarmos, que não nos iludamos com a ideia de buscar soluções individuais, que não me ilude a ideia de seguir com um projeto próprio que chegue até mim, porque tudo isso tem vida curta", disse o presidente argentino durante seu discurso na plenária do LX Cúpula de Chefe de Estados do Mercosul e Estados Associados, que está sendo realizada presencialmente na cidade de Luque, no Paraguai.

"Se há uma oportunidade para a China ter um acordo com o Mercosul, por que não analisamos juntos, por que não vemos a viabilidade juntos? Porque o acordo será muito mais importante se incluirmos os 200 milhões habitantes que tem o Brasil, esse acordo vai ser muito mais forte", acrescentou Fernández.

"OUTRO MERCOSUL".

Durante seu discurso, o chefe de Estado argentino convidou os demais Estados-membros do bloco a "fundar outro Mercosul", a fim de garantir sua coesão "de uma vez por todas", ao mesmo tempo em que expressou sua compreensão com as demandas de seus homólogos do Uruguai e do Paraguai, devido às "assimetrias" existentes com Argentina e Brasil.

Nesse sentido, Fernández se mostrou aberto a debater a "flexibilidade" do Mercosul proposta pelo presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou, desde que esse debate ocorra com o consenso dos Estados-membros.

"Não me recuso a analisar tudo o que há para analisar, porque percebo que vivo em um mundo que está mudando e que nessa mudança estamos no precipício, e não quero que nenhum de nós caia. Quero que todos possamos continuar a passar por este momento juntos e superá-lo juntos", destacou o presidente argentino.

OPORTUNIDADE EM ALIMENTAÇÃO E ENERGIA.

O presidente argentino ressaltou ainda que os países-membros devem trabalhar para "tornar o Mercosul forte", um "imperativo moral" para os líderes da região, em um momento em que o mundo, por causa da guerra na Ucrânia, está demandando mais alimentos e energia.

"Paraguai, Uruguai, Brasil e Argentina são grandes produtores de alimentos. Temos uma oportunidade formidável de ajudar um mundo faminto, uma oportunidade única, se soubermos concordar em aproveitá-la. Temos o imperativo moral de acordar e produzir os alimentos que o resto do mundo precisa", frisou.

Da mesma forma, Fernández instou os Estados-membros do Mercosul a participar conjuntamente em alguns projetos importantes, como a construção de um gasoduto para conectar Vaca Muerta, um gigantesco depósito de hidrocarbonetos não-convencionais localizado na Patagônia Argentina, com outros países da região; a produção de hidrogênio verde e a exploração de lítio.

Tudo isso com a intenção, segundo o presidente argentino, de que os países do Mercosul se tornem "grandes fornecedores de alimentos e energia", ao mesmo tempo em que "eliminam assimetrias" dentro do bloco.

"Por que não nos concentramos agora em como podemos unir forças em um mundo que entrou em guerra, onde não sabemos quanta pobreza, quanta fome e miséria isso trará, e unimos forças para tornar tudo o menos doloroso possível? Por que não nos dedicamos a isso?", sugeriu Fernandez. EFE