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Bariloche, a cidade argentina onde comer chocolate é festa, arte e tradição

21/03/2023 12h54

Natalia Kidd

Buenos Aires, 21 mar (EFE).- Bariloche, um dos destinos turísticos mais populares da Argentina, é também a capital nacional do chocolate devido à tradicional produção artesanal de doces à base de cacau, que todos os anos protagonizam uma festa popular em que lamber os dedos faz parte das regras de etiqueta.

Desde 2012, na época do feriado da Páscoa, Bariloche, que fica na província de Rio Negro, no sul do país e 1.600 quilômetros de Buenos Aires, faz do chocolate uma celebração, tanto para os 30.000 turistas que visitam o destino nessas datas, como para muitos de seus 165.000 habitantes.

Se Bariloche é sempre uma boa opção de viagem por suas montanhas cobertas de neve e lagos azuis profundos, o Festival Nacional do Chocolate - que este ano será realizado entre os dias 6 e 9 de abril - acrescenta outro motivo para visitar a cidade nesta época do ano.

"É um festival massivo, com o bônus adicional de que as pessoas podem provar os chocolates que fazemos", disse em entrevista à Agência EFE o proprietário da Mamushka, uma das lojas de chocolate mais tradicionais de Bariloche e membro da Câmara de Chocolatiers da cidade, Juan Carlos Carzalo.

UM MUNDO DE SENSAÇÕES.

Apesar de o chocolate ser um produto regional característico deste destino que pode ser degustado durante todo o ano, a participação neste festival oferece um bônus: a maior barra de chocolate do mundo - que tem 215 metros de comprimento e pesa duas toneladas -, além de ovos de Páscoa com surpresas, degustações às cegas e uma série de atividades para crianças e adultos, gratuitas, realizadas no centro da cidade.

Nesse evento, organizado de forma conjunta pela prefeitura de San Carlos de Bariloche, pela Câmara de Chocolatiers da cidade e pelo governo de Rio Negro, o ambiente cheira literalmente a chocolate, e aguça os sentidos.

Não há como não ficar com água na boca caminhando pelo Paseo del Chocolate, um circuito que inclui as lojas de chocolate mais emblemáticas da cidade. Além de vitrines que parecem ser de joalheria e que impressionam pelos detalhes, o trajeto termina no Centro Cívico, às belas margens do lago Nahuel Huapi.

Mas, antes de chegar lá, é preciso passar pelos arcos de chocolate, e fazer uma parada obrigatória na barra de chocolate gigante - com muitas nozes - e uma visita à Casa do Coelho, 100% feita de chocolate, é claro.

Se você ainda não teve o paladar treinado para degustar um bom chocolate, em Bariloche é possível obter um diploma da Universidade do Chocolate. Concebida como um circuito de atividades para aprender, brincando, tudo sobre o chocolate, e se tornar um "graduado chocolatoso". Quem não gostaria de ter esse certificado no currículo?

ARTE E TRADIÇÃO.

"Não há lugar na Argentina onde se venda mais chocolate do que em Bariloche". Nosso chocolate é diferente, você não o encontra em quiosques. Não é um chocolate industrializado. Ele é feito à mão, tem muita emoção de cada um de nossos mestres chocolatiers e é uma tradição em Bariloche", contou Carzalo.

A tradição do chocolate em Bariloche começou em meados do século XX, quando Aldo Fenoglio, um imigrante do norte da Itália, se estabeleceu na cidade e fundou, em 1948, a primeira fábrica de chocolate da localidade, a Tronador, batizada com o nome da montanha mais alta localizada nos entornos de Bariloche.

"Tornou-se uma tradição artesanal, passada de geração em geração. Os conhecimentos vão sendo transmitidos e aprofundados", afirmou Carzalo.

Ele também lembrou que os mestres chocolatiers de Bariloche já ganharam vários prêmios internacionais por suas criações.

Na década de 1960, o chocolate se tornou uma característica distintiva da cidade, consolidando-se como o produto típico que os turistas levavam para casa como recordação de sua visita a este belo destino, declarado "Capital Nacional do Chocolate" em 2015.

Uma dúzia de fábricas importam grãos de cacau de diferentes países para fazer seu chocolate ou utilizam uma base de chocolate, mas há muitos pequenos produtores artesanais que se dedicam a esta arte em Bariloche e em outras localidades próximas.

Entre os favoritos da região estão o chocolate em rama, que derrete na boca devido à sua textura macia, e o timbal de doce de leite - criado em 1989 pela Mamushka e agora replicado por outros fabricantes -, um doce com camadas finas.

Mas há também criações mais recentes que estão em alta, como framboesas mergulhadas em chocolate e até mesmo ovos de Páscoa recheados com um popular licor de creme irlandês. EFE