CNI: avanço profissional depende da formação
São Paulo - Os ganhos de produtividade da indústria brasileira dependem de avanço na formação de profissionais, na avaliação do diretor de Educação e Tecnologia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), diretor-geral do Senai e diretor Superintendente do Sesi, Rafael Lucchesi, que também participou do Fórum Estadão Brasil Competitivo "Educação e Mão de Obra para o Crescimento".
Lucchesi afirmou que no Brasil 80% das empresas industriais investem em capacitação de mão de obra. Na avaliação dele, estes recursos poderiam ser utilizados em ganhos de eficiência caso não houvesse a carência de mão de obra de qualidade. "Entre os alunos concluintes do ensino médio, 90% não aprenderam o adequado em matemática e não temos como fazer muito quanto a isso no chão de fábrica", afirmou.
O diretor da CNI ainda avaliou que o Brasil tem um problema em sua matriz educacional. "Há uma lógica bacharelista", disse, acrescentando que falta formação técnica. "Temos que dar formação de qualidade com a tecnologia que a indústria tem e nos locais onde a indústria está", opinou. "É preciso superar a ideia tola de que educação profissional não forma para a cidadania.
Lucchesi disse ainda que a CNI está discutindo com o Ministério da Educação a criação de um programa como o Ciência sem Fronteiras do qual as empresas industriais possam participar. "Seria importante que as empresas brasileiras pudessem escolher estudantes para ter essa formação no exterior", ponderou.
Ensino técnico profissionalizante
Já o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirmou que a prioridade imediata do governo na área é o ensino técnico profissionalizante. "Mesmo tendo expandido em mais de 160% as vagas (no ensino médio), para 2,5 milhões de estudantes não há vaga. A opção é ensino técnico profissionalizante", comentou.
Mercadante reforçou que a presidente Dilma Rousseff tem a percepção da importância da educação para aumentar a competitividade no País. "O mundo está em recessão, está reduzindo custo e reduzindo especialmente custo do trabalho. Nós estamos em pleno emprego, estamos com uma das menores taxas de desemprego do mundo, estamos aumentando salário real e isso só é sustentável se estudarmos para o trabalho", disse o ministro, que classificou a importância da formação técnica como uma questão estratégica. "O gargalo imediato que temos é a formação técnica profissionalizante."
"Como a Europa está desempregando e reduzindo salário, e boa parte do mundo, e o Brasil está empregando e aumentando o salário real, estamos perdendo competitividade pelo custo do trabalho", disse o ministro. Para "amenizar o problema", o governo reduziu os impostos sobre a folha de pagamentos. "Nós queremos continuar empregando e aumentando salário para distribuir a renda. Por isso a educação é o melhor caminho para aumentar a produtividade", completou Mercadante.
Segundo ele, inovar e produzir de forma mais eficiente é "fundamental" para o Brasil poder disputar "nesse quadro de crise e concorrência internacional". "Se tem algum destaque imediato para a economia é o Pronatec", defendeu.
Barreira para crescimento
Para o presidente da DPaschoal e da Fundação Educar Dpaschoal, Luis Norberto Pascoal, as deficiências do sistema de educação no Brasil são um obstáculo para o crescimento da agricultura. "A agricultura brasileira se desenvolveu muito nos últimos anos, mas 50% da nossa produção agrícola ainda depende de mão de obra despreparada", disse durante sua participação no Fórum Estadão Competitivo.
"Nós não seremos competitivos se não avançarmos em tecnologia e inovação na agricultura", completou. Segundo ele, a sociedade e o empresariado brasileiro devem promover uma evolução que passe por todos os recursos do País. "A escola é nosso principal recurso, por isso precisamos de metas reais nessa área", enfatizou.
Setor de petróleo
A indústria de petróleo e gás brasileira vai demandar cerca de 17 mil empregados capacitados até 2015, segundo informou o coordenador executivo do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp) e assessor da presidência da Petrobras, Paulo Alonso. Ele participa do Fórum Estadão Brasil Competitivo "Educação e Mão de Obra para o Crescimento".
O coordenador destacou que a função do Prominp, criado pelo governo federal, é aumentar a participação dos fornecedores brasileiros de petróleo e gás. "Queremos elevar a categoria desses fornecedores ao patamar de qualidade mundial, competindo internacionalmente", disse. O programa forma profissionais para trabalharem na cadeia produtiva, em estaleiros, empresas de construção, montagem e engenharia.
Alonso falou sobre a dificuldade de se encontrar profissionais no setor. "O mercado externo é muito competitivo, hoje existe até uma prática predatória entre as empresas de petróleo e gás e, quando um técnico se destaca, ele é cooptado a mudar de empresa", comentou. "Hoje, há muita oferta na indústria, inclusive há vagas para salários de R$ 15 mil a R$ 20 mil que não são preenchidas e precisamos importar profissionais pra essas vagas", completou.
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