Mercado reduz aposta em queda dos juros
Antes da crise, várias instituições esperavam por 1,25 ponto de corte. Levantamento realizado pelo Projeções Broadcast mostra que, de 57 instituições financeiras, 47 esperam por corte de 1 ponto porcentual da Selic nesta quarta-feira, 31. Outras oito casas projetam corte menor, de 0,75 ponto, enquanto apenas duas mantêm a expectativa por redução de 1,25 ponto porcentual.A maior cautela em relação aos juros é resultado direto do aumento do risco político.
Até a delação da JBS, instituições como Itaú Unibanco e Banco Safra haviam elevado de 1 para 1,25 ponto porcentual a estimativa de corte da Selic. Após o estouro da crise, os economistas dos dois bancos voltaram atrás e passaram a citar redução menor, de 1 ponto porcentual. O mesmo ocorreu com outras instituições.
Por traz disso está a leitura de que, com as delações da JBS, o governo Temer terá dificuldades para aprovar no Congresso as reformas trabalhista e previdenciária. "A crise política tornou a decisão do Copom mais difícil exatamente porque elevou o grau de incerteza em relação aos próximos meses", avalia o economista Mauro Schneider, da MCM Consultores Associados.
Para ele, o momento ainda é favorável para o corte de juros, já que a inflação está comportada. "Ainda mais com a redução recente do preço da gasolina e da bandeira tarifária de energia. E temos também a atividade, que lamentavelmente não dá sinais de muita força", afirma Schneider. "O problema é que, com a crise política, naturalmente as perspectivas para as reformas e para o câmbio ficaram mais incertas", diz o economista. Assim, a MCM é uma das casas que espera por corte de 1 ponto porcentual da Selic - e não de 1,25 ponto.
Na semana em que a crise estourou, o próprio presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, ao abordar as reformas, defendeu "a importância de se continuar no caminho correto, a despeito do aumento da incerteza política".
Para José Faria Júnior, diretor da Wagner Investimentos, o corte de apenas 1 ponto porcentual da Selic deve ser colocado na conta da crise política. "O Copom comenta muito sobre a necessidade de aprovação de reformas. E essa questão, nós sabemos que não há a mínima ideia de como vai ficar", afirma.
Focus
No Relatório de Mercado Focus divulgado nesta segunda-feira, 29, pelo Banco Central, as instituições financeiras também projetaram redução da Selic de 11,25% para 10,25% ao ano. A estimativa é de que a taxa termine 2017 em 8,50% ao ano.
O documento indicou ainda efeito negativo das delações da JBS sobre as demais projeções econômicas. A expectativa para o IPCA - o índice oficial de inflação - em 2017, após cair por 11 semanas consecutivas, subiu de 3,92% para 3,95%. Já o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) esperado para este ano foi de 0,50% para 0,49%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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