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Para analistas, economia é prioridade

Douglas Gavras

São Paulo

11/06/2017 09h53

A perspectiva de melhora da economia virou, mais do que nunca, a tábua de salvação para o grupo político de Michel Temer, de acordo com analistas ouvidos pelo jornal O Estado de S.Paulo após a votação dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Depois de se livrar da cassação pelos magistrados, que absolveram a chapa Dilma-Temer na sexta-feira, o presidente deve se escorar mais nos números de crescimento do País, ainda que modestos, para tentar permanecer no Palácio do Planalto até janeiro de 2019.

Na semana passada, enquanto os ministros do TSE entravam na fase final do julgamento do processo, o presidente manteve a estratégia de que o "País não pode parar" e usou as redes sociais para comemorar o resultado mais recente do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

"Nossa economia dá mais um sinal de recuperação. Temos a menor inflação desde maio de 2007. O poder de compra do brasileiro aumentou", escreveu Temer no Twitter. Segundo o IBGE, a inflação registrou em maio a menor variação (0,31%) para o mês desde aquele ano.

No início do mês, o presidente reagiu ao anúncio de crescimento de 1% do PIB do primeiro trimestre dizendo que a recessão havia acabado.

O mesmo tom já havia sido adotado por Temer logo após a divulgação da gravação em que ele conversa com o empresário Joesley Batista, da JBS, em um encontro secreto no Palácio do Jaburu. Nos discursos seguintes, em que afastava a possibilidade de renúncia, ele atrelou sua permanência no poder à continuidade de melhora dos indicadores econômicos.

"Não é bem assim. Se continuar no rumo em que está, a economia está blindada. O mercado já acertou alguns pontos-chave, a inflação está em queda, os juros reais vão continuar caindo. A permanência de Temer, na verdade, ficou irrelevante. O principal elemento que se esperava de seu governo era a aprovação da reforma da Previdência, que já foi entendida pelo mercado que não irá acontecer. Isso está claro na curva de juros futuros", diz André Perfeito, da Gradual Investimentos.

Segundo ele, depois da queda de 8,8% na Bolsa após a divulgação da gravação da JBS, a economia deve reagir sem sobressaltos, porque grande parte do ajuste já foi feita. "É preocupante que a economia fique em segundo plano agora, mas o problema do Brasil é político, e isso só deve se resolver por completo com a eleição de 2018. Agora, é sintomático pensar que não temos certeza se o governo atual quer fazer as reformas porque são importantes para o País ou apenas para ficar no poder. Isso revela o tamanho do nosso desafio, como eleitores."

"O que aconteceu com o País nessa última crise envolvendo o presidente deixou um sinal importante do que pode afetar a economia", diz Sérgio Vale, da MB Associados. "Ficou claro para o mercado que, se a equipe econômica for mantida, mesmo que com um novo presidente, o impacto na economia será muito amortecido." Para Vale, o atual momento político lembra o de 2005, após a divulgação do mensalão. "Foram três meses muito turbulentos, mas a economia não sofreu, porque a trajetória da política econômica também não teve alteração."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.