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BC: fator de risco principal é incerteza sobre velocidade de reformas e ajustes

Fabrício de Castro, Eduardo Rodrigues e Fernando Nakagawa

Brasília

22/06/2017 11h39

O Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado nesta quinta-feira, 22, pelo Banco Central reforçou a avaliação da autoridade monetária de que o aumento da incerteza sobre a velocidade do processo de reformas e ajustes na economia é o "fator de risco principal" na condução da política monetária. "Isso se dá tanto pela maior probabilidade de cenários que dificultem esse processo, quanto pela dificuldade de avaliação dos efeitos desses cenários sobre os determinantes da inflação", afirmou o documento.

O Comitê de Política Monetária (Copom) repetiu que os efeitos dessa incerteza sobre a trajetória da inflação se transmitem por dois canais. Por um lado, a continuidade de níveis elevados de incerteza sobre a evolução das reformas e ajustes econômicos pode impactar negativamente a atividade econômica, ou seja, tendo impacto desinflacionário. Por outro lado, a incerteza sobre a formação de preços e sobre as estimativas da taxa de juro estrutural podem atuar na direção oposta. "Existe também a possibilidade de os efeitos se compensarem e a trajetória prospectiva da inflação não ser impactada", completa o RTI.

Por isso, o documento reitera que não há relação direta e mecânica entre o aumento de incerteza e a política monetária. Além disso, a flexibilidade do regime de metas para a inflação permitiria ao Copom adequar o ritmo de suas decisões aos possíveis cenários prospectivos.

O Copom repetiu então que a extensão do ciclo de flexibilização monetária dependerá das projeções e expectativas de inflação, da atividade econômica, do balanço de riscos, mas também das estimativas da taxa de juros estrutural da economia brasileira.

"O Comitê entende que o aumento recente da incerteza associada à evolução do processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira dificulta a queda mais célere das estimativas da taxa de juros estrutural e as torna mais incertas", reforçou o BC.

Ações e fundos de investimentos

O Banco Central reduziu a zero a previsão de ingresso de capital externo para a compra de ações e fundos de investimento brasileiros. A previsão consta de apresentação do diretor de Política Econômica do BC, Carlos Viana de Carvalho, feita para divulgação do Relatório Trimestral de Inflação. Antes, o BC previa entrada de US$ 10 bilhões.

Ao mesmo tempo, o Relatório de Inflação também reduziu a zero a previsão de saída de títulos de renda fixa no País. A expectativa anterior indicava a previsão de saída de US$ 7 bilhões investidos por estrangeiros em papéis de renda fixa.

Com os dois movimentos ao mesmo tempo, o BC ressalta que "há equilíbrio no fluxo em portfólio no País".

Taxa de rolagem

Viana de Carvalho anunciou em apresentação do Relatório Trimestral de Inflação que a previsão para a taxa de rolagem dos empréstimos externos em 2017 foi elevada de 80% para 90%. O indicador mostra o porcentual dos créditos que vencem no período que deverão ter crédito oferecido para a renovação do financiamento.

Durante a apresentação, Viana citou que a previsão de déficit em conta corrente em 2017 subiu de US$ 23,5 bilhões (1,31% do PIB) para US$ 24 bilhões (1,19% do PIB). Ao mesmo tempo, foi mantida a previsão de ingressos líquidos de Investimento Direto no País (IDP) de US$ 75 bilhões no ano. O valor, avalia o diretor, "permitirá financiar o balanço de pagamentos de forma confortável".