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BC reconhece impacto negativo das incertezas sobre PIB, mas mantém previsões

Fernando Nakagawa, Eduardo Rodrigues e Fabrício de Castro

Brasília

22/06/2017 10h55

O Banco Central reconheceu no Relatório Trimestral de Inflação que a deterioração do cenário econômico nos últimos meses teve influência negativa sobre as perspectivas de crescimento da economia brasileira. Mesmo assim, a previsão para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre não foi alterada diante dos bons indicadores de atividade vistos nos cinco primeiros meses do ano.

Ao explicar a manutenção da previsão de crescimento do PIB em 0,5% neste ano, o BC reconhece que "a elevação do ambiente de incertezas que, se mantidas em nível elevado por período prolongado, podem produzir efeitos negativos sobre a atividade, recomenda manter a projeção anterior".

Essa influência negativa, porém, acabou sendo anulada pela melhora dos indicadores recentes. "A projeção para o PIB em 2017 permaneceu a mesma da apresentada na edição anterior do Relatório de Inflação - crescimento de 0,5% -, com mudanças nos componentes do indicador".

No relatório, o BC ressalta os "resultados favoráveis de indicadores de atividade relativos aos primeiros cinco meses do ano". Se mantidos ao longo do ano, esses indicadores favoráveis "levariam a uma revisão de alta na projeção do PIB anual".

Juros

O Banco Central repetiu a avaliação de que "uma redução moderada do ritmo de flexibilização monetária em relação ao ritmo adotado naquela ocasião deveria se mostrar adequada em sua próxima reunião, em julho". A frase é citada no Relatório Trimestral de Inflação em menção à avaliação feita na mais recente reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e é resultado da avaliação do cenário básico e do balanço de riscos usado pelo BC.

Apesar de repetir a avaliação, o documento tenta relativizar o quadro com a lembrança de que "o ritmo de flexibilização monetária continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação".

Sobre o processo de comunicação com o mercado, o BC afirma que vai "explicitar condicionalidades sobre a evolução da política monetária, o que melhor transmite a racionalidade econômica que guia suas decisões". Essa estratégia, diz o documento, contribui para aumentar a transparência e melhorar a comunicação do Copom.

Inflação

No RTI, o Banco Central reafirmou que o comportamento da inflação permanece favorável. De acordo com o BC, a desinflação está difundida "inclusive nos componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária" - ou seja, nos itens do setor de serviços.

O BC disse ainda que os "índices de preços divulgados recentemente situaram-se abaixo das expectativas". Além disso, "o amplo conjunto de medidas de núcleo de inflação acompanhadas pelo Copom indica nível baixo de inflação corrente."

Segundo o BC, "a convergência da inflação para a meta de 4,5% no horizonte relevante para a condução da política monetária, que inclui os anos-calendário de 2018 e, com menor peso, de 2017, é compatível com o processo de flexibilização monetária".

Focus

No Relatório Trimestral de Inflação, o Banco Central cita as projeções para a inflação contidas no Relatório de Mercado Focus. De acordo com o BC, as expectativas apuradas no Focus recuaram para em torno de 3,7% para 2017 e encontram-se ao redor de 4,4% para 2018 e por volta de 4,25% para 2019 e horizontes mais distantes.

Na próxima semana, no dia 29, o Conselho Monetário Nacional (CMN) reúne-se para decidir sobre a meta de inflação para 2019. A expectativa do mercado é de que, como as expectativas estão ancoradas em 4,25%, a meta estabelecida para 2019 seja inferior aos 4,5% - o centro da meta para 2017 e 2018.