'A Lava Jato não foi o fim', diz novo presidente da Odebrecht
O novo diretor-presidente da Odebrecht S.A., Luciano Nitrini Guidolin, em sua primeira entrevista desde que assumiu o cargo em maio, disse nesta sexta-feira (30) que a empresa planeja reestruturar seus negócios e listar a maioria de suas unidades dentro de três anos, tornando todas públicas logo depois.
A Odebrecht provavelmente começará por listar a unidade de agronegócio e seu empreendimento emblemático de construção, disse Guidolin. Enquanto isso, a empresa pretende completar US$ 3,6 bilhões em vendas de ativos no próximo ano, afirmou.
Em relação à corrupção, Guidolin disse que a prática não se espalhou por todo o grupo e que tomou todas as medidas para garantir que tais ações nunca mais aconteçam. "A Lava Jato não foi o fim e esse não será o fim da Odebrecht", disse o executivo. "Nós cresceremos, de uma base menor do que a que tivemos, mas uma mais sólida."
Uma das prioridades da Odebrecht é liberar liquidez, após a queda de receita da empresa na sequência da prisão de Marcelo Odebrecht. Nos 12 meses anteriores a dezembro de 2016, estima-se que a receita da empresa tenha caído cerca de 30%, para US$ 27,1 bilhões, de US$ 40 bilhões, de acordo com pessoas próximas ao grupo.
A Odebrecht afirmou que demitiu dezenas de milhares de trabalhadores desde 2013 e encolheu o número de empresas de 15 para 10 ao longo do ano passado. No entanto, segundo Guidolin, o grupo não estava considerando vender o que considera ser uma de suas joias da coroa: sua participação no controle da Braskem.
Caso o plano de resgate da Odebrecht funcione, a estratégia poderia servir como um modelo para outras companhias envolvidas na Operação Lava Jato e que, agora, estão lutando para atrair investidores e clientes. Como parte do acordo da Odebrecht, as políticas de conformidade foram revisadas e os funcionários devem usar os 10 mandamentos anticorrupção da empresa em crachás de plástico ao redor do pescoço em todos os momentos.
No entanto, alguns desejam que a companhia estivesse fazendo mais. A decisão de nomear Guidolin, um veterano na empresa, foi uma oportunidade perdida de nomear um verdadeiro intruso, disse Daniel Vargas, professor de direito da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro. O próprio Guidolin afirmou que viu seu papel como uma ponte entre a velha e a nova Odebrecht, acrescentando que teria sido um erro trazer alguém de fora. Para ele, essa pessoa "não teria conhecimento de onde estão os problemas".
A companhia sinalizou que Emílio Odebrecht deve deixar o conselho em menos de dois anos.
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