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Sincopetro diz que não sabe de onde vem a gasolina que abastece postos de SP

Isabela Palhares e Raquel Brandão

São Paulo

27/05/2018 17h00

Sem que as distribuidoras consigam entregar combustível nos postos de São Paulo, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo de São Paulo (Sincopetro) alerta os consumidores sobre a qualidade do produto que está sendo vendido em alguns pontos da cidade.

"Todas as bases de distribuição estão fechadas. O produto que saiu foi com escolta policial e exclusivamente para atender os veículos de serviços essenciais da Prefeitura e a polícia. De onde vem esse combustível que estão vendendo, eu não sei", diz José Alberto Gouveia, presidente do Sincopetro.

Segundo ele, mesmo com o desbloqueio das rodovias, faltam caminhões para trazer o produto para a capital. A assessoria de imprensa da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) afirma que a organização não tem conhecimento de nenhuma usina de etanol que esteja abastecendo os postos paulistas.

Neste domingo, 27, um posto da rede Singular na avenida Engenheiro Caetano Álvares tinha uma fila de carros para abastecer. Segundo o gerente do local, Emerson Guilherme de Santos, o estabelecimento recebeu 15 mil litros de etanol na noite de sábado, 28. Ele diz não saber de onde veio o produto, apenas que não é da distribuidora da qual costumam receber.

Os motoristas aguardavam para abastecer o carro por quase três horas. O taxista Edson Santos, de 63 anos, diz desconfiar da procedência do combustível, mas iria comprá-lo por falta de opção. "É claro que tenho dúvida sobre a qualidade desse etanol, mas não tenho opção. Estou há dois dias sem trabalhar porque não encontrei outro local para abastecer", conta.

O auxiliar de compras Teógenes Montenegro, de 34 anos, que também trabalha como motorista para aplicativos, também diz desconfiar do produto. "Tenho que trabalhar amanhã (segunda-feira) e não tem outro posto aberto. Passei por mais de dez e todos estavam fechados. Nesse momento, a gente acaba arriscando", diz.

Federação Nacional

De acordo com Paulo Miranda Soares, presidente da Federação Nacional de Combustíveis, representante dos sindicatos de postos de gasolina do País, a situação de distribuição ainda é bastante crítica. "Mesmo com a escolta dos agentes de segurança pública, os motoristas que estão transportando combustível para hospitais, postos e aeroportos estão com medo de represálias". Circulam áudios com ameaças de queimar os caminhões após a entrega.

Apesar do cenário pouco animador, a distribuição de combustível começa a melhorar, especialmente nos Estados do Norte e Nordeste. Soares explica que a situação menos crítica nessas regiões é a de que porcentual expressivo dos combustíveis chega por transporte marítimo e as bases de distribuição são próximas aos portos.

Nas cidades da Grande Fortaleza, 290 postos receberam combustível. A previsão do Sindipostos é que os demais 40 tenham combustível até segunda-feira, 28.

No Rio Grande do Norte, os caminhoneiros liberaram no sábado a noite a passagem de 40 carretas com combustível provenientes de diversas partes do País para abastecer os postos de Natal e interior do Estado. Muitos postos foram abastecidos ao longo da madrugada deste domingo. O volume de gasolina, óleo diesel e etanol, porém, ainda é considerado baixo e chega a faltar em alguns postos de combustíveis. Em Natal, há filas de veículos em diversos postos.

Em Porto Velho, os postos começaram a ser reabastecidos na noite de sábado, 26. Durante a madrugada, já se formavam filas de carros em diversos postos, além de pessoas com galões para abastecer os veículos que estão parados em casa sem combustível. Em alguns estabelecimentos o combustível reabastecido acabou em menos de uma hora. COLABORARAM QUETILA RUIZ E LAURIBERTO BRAGA