Juro baixo e novo ETF são aposta para fundos de índice
O ETF nada mais é do que um fundo de investimento que espelha o desempenho de índices e que são negociados em bolsa de valores, como se fossem papéis de uma empresa. Atualmente, existem no País apenas 15 ETFs, todos atrelados à renda variável. O primeiro ETF brasileiro de renda fixa, será apoiado pelo Tesouro Nacional e produzido em parceria com o Banco Mundial, para fomentar o desenvolvimento do mercado de capitais em economias emergentes.
Segundo levantamento feito pelo Itaú Asset Management e obtido pelo Estado, a indústria de ETFs no Brasil cresceu 1,5 vez o que avançou a indústria de fundos desde 2010. O crescimento dos ETFs foi de 18% enquanto a indústria total cresceu 12%. Esse patrimônio, porém, é menos de 0,5% dos R$ 4,5 trilhões movimentados pela indústria de fundos.
Do ponto de vista do cenário econômico, Renato Tucci, responsável pela área ligada às ETFs do Itaú Asset Management, explica que nos últimos anos, a alta dos juros beneficiou os investimentos de renda fixa e pode ter tirado o espaço para esse e outros investimentos mais sofisticados. Com a conjunção de um período de juros mais comportados, maturidade do investidor e esse novo produto sendo um canal diferente para acessar os já conhecidos títulos do Tesouro, a tendência é de esse mercado destravar, segundo Tucci.
Participação
Para o professor da Fundação Getúlio Vargas, Willian Eid, a participação acanhada dos ETFs na carteira do investidor tem duas explicações diretas. Primeiro, o baixo número de pessoas com acesso a Bolsa. O dado mais recente da B3 mostra que existem 663 mil pessoas físicas cadastradas, porém, Eid acredita que o número dos que de fato operam é muito menor, talvez até menos da metade, e isso, segundo ele, diminui muito o público apto para fazer os ETFs decolarem.
O segundo motivo está ligado ao canal de distribuição e a usabilidade. Para o professor da FGV, o fato de os ETFs serem operados na Bolsa via homebroker de uma corretora, ainda é visto como um obstáculo para o pequeno investidor brasileiro, acostumado com a poupança e os fundos sugeridos pelo gerente do banco. Mas Eid acredita que essa visão aos poucos tem mudado com a queda de juros. Em 12 meses, o número de pessoas que compraram cotas de ETFs subiu 32%.
"Ninguém quer ter trabalho. Para avançar tem de ser fácil e simples", resume Eid. Por isso ele acredita que o gestor do novo ETF deve ser alguma instituição conhecida dos brasileiros para agir justamente nessa frente. No páreo estão Caixa, Itaú, Banco do Brasil e a asset BlackRock, que já possuem ETFs de renda variável no mercado.
O desenvolvimento dos ETFs também esbarra numa indústria onde reinam os produtos financeiros que incentivam o vendedor, oferecidos sobretudo por bancos, aponta Felipe Sotto-Maior, presidente da Vérios. "Nosso mercado financeiro é estruturado na lógica de venda de produto e remuneração em cima dessa venda, o chamado rebate. Então, o gerente do banco ou os agentes autônomos recebem pelo aconselhamento do cliente, mas quem remunera não é ele, mas sim o produto que ele compra", explica. Como os ETFs não têm essa vantagem, eles acabam desprestigiados.
Para Luciano Tavares, fundador da Magnetis, o lançamento do ETF de renda fixa vai destravar essa categoria e complementar a prateleira de produtos, especialmente para quem gosta da garantia dessa classe. "É uma tendência mundial e o mesmo deve acontecer aqui. À medida que chega um novo produto como esse, aumentam os investidores na Bolsa e, no caso da renda fixa, complementam os outros produtos, como o Tesouro fez com os fundos em 2002." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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