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Vale lamenta morte de Eliezer Batista, que foi duas vezes presidente da empresa

Luana Pavani

São Paulo

19/06/2018 07h34

A Vale emitiu no final da noite desta segunda-feira, 18, nota de pesar sobre a morte de Eliezer Batista, que foi por duas vezes presidente da companhia. A primeira vez, aos 36 anos, nomeado pelo então presidente Jânio Quadros, de 1961 a 1964, e a segunda em 1979.

Em nota, a companhia ressalta que Eliezer Batista idealizou o Porto de Tubarão, preparou a internacionalização da Vale em estratégia comercial com empresas japonesas e que seu maior desafio foi implantar o projeto Carajás.

"Estamos consternados. Nosso maior engenheiro, o homem que teve a visão de preparar a Vale para ser a empresa que conhecemos hoje, se foi", afirma o atual presidente da Vale, Fabio Schvartsman.

Veja a íntegra da nota:

"Vale lamenta falecimento de Eliezer Batista, duas vezes presidente da empresa

Com imenso pesar, a Vale lamenta o falecimento de Eliezer Batista, primeiro empregado de carreira a ocupar o principal posto na empresa. Presidente por duas vezes, Eliezer preparou a então Companhia Vale do Rio Doce para o crescimento que ocorreria a partir da década de 1980, criando uma estratégia de comercialização de minério em grandes volumes e a longo prazo com as siderúrgicas japonesas.

Em sua primeira passagem pela presidência (1961-1964), para dar suporte ao crescimento, Eliezer idealizou o Porto de Tubarão, no Espírito Santo, dada a necessidade de um porto capaz de receber navios de até 150 mil toneladas - ainda que a maioria da frota mundial não passasse de 60 mil toneladas. A novidade permitiu dobrar o volume de exportações da Vale. Nesse período, Eliezer também era ministro de Minas e Energia (1962- 1964), acumulando os dois cargos.

Eliezer Batista foi nomeado presidente da Vale aos 36 anos pelo presidente Jânio Quadros, cargo que ocupou de 1961 a 1964. Em 1962, a Vale assinou os primeiros contratos de longo prazo com dez siderúrgicas japonesas, que previam o fornecimento de 50 milhões de toneladas de minério de ferro por um período de 15 anos. Em troca, os japoneses ajudaram a construir o Porto de Tubarão.

O engenheiro da pequena cidade mineira de Nova Era só voltaria à Vale em 1979. Seu principal desafio: implantar o Projeto Grande Carajás, no meio da selva amazônica. O dinheiro nacional estava escasso. A segunda Crise do Petróleo batia à porta. Eliezer não desistiu e, por três vezes, foi ao Banco Mundial em busca de um empréstimo até convencer o presidente do banco, Robert MacNamara, ex-secretário de Defesa dos Estados Unidos nos governos de John Kennedy e de Lyndon Johnson, a liberar o dinheiro.

Carajás foi orçado em US$ 4,2 bilhões. Mas, graças à organização e ao senso de responsabilidade pública dos envolvidos na empreitada, todas as obras previstas - mina, ferrovia e porto, além de todo o incremento nas áreas social e de infraestrutura - custaram US$ 2,8 bilhões. Ressalte-se, tudo entregue dentro dos prazos previstos.

Em 1986, Eliezer deixou a presidência da Vale. Vinte anos depois, em 2016, ele emprestaria o seu nome para batizar o maior projeto da história da mineração mundial: o Complexo S11D Eliezer Batista, primeira mina de ferro construída para operar sem caminhões fora de estrada, que permite reduzir em cerca de 70% o consumo de diesel.

"Estamos consternados. Nosso maior engenheiro, o homem que teve a visão de preparar a Vale para ser a empresa que conhecemos hoje, se foi. Eliezer Batista, que um dia recebeu a alcunha de 'Engenheiro do Brasil', bem que poderia ser conhecido por: 'o Construtor da Vale'. Sim, temos orgulho de dizer que fomos a sua principal obra, afirmou o diretor-presidente da Vale, Fabio Schvartsman."