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Greve dos caminhoneiros 'dificulta a leitura' da evolução da economia, aponta BC

Fernando Nakagawa e Fabrício de Castro

20/06/2018 19h52

A greve dos caminhoneiros, ocorrida em maio, "dificulta a leitura" da evolução da economia brasileira, reconhece o Banco Central. Apesar dessa dificuldade, os diretores do BC admitem que o movimento que afetou a economia por vários dias seguidos resulta em recuperação da atividade em "ritmo mais gradual". Na inflação, a autoridade monetária reconhece que o movimento grevista deve resultar em "efeitos altistas significativos e temporários" nos preços.

O comunicado da reunião desta quarta-feira do Comitê de Política Monetária (Copom) avalia que a "paralisação no setor de transporte de cargas no mês de maio dificulta a leitura da evolução recente da atividade econômica". Antes do protesto, em abril, os indicadores sugeriam "atividade mais consistente que nos meses anteriores", cita o documento. "Entretanto, indicadores referentes a maio e, possivelmente, junho deverão refletir os efeitos da referida paralisação".

Diante do impacto da paralisação, o Copom afirma que o "cenário básico contempla continuidade do processo de recuperação da economia brasileira, em ritmo mais gradual". Em meados de maio, antes da paralisação, o tom do comitê era mais otimista. "Os últimos indicadores de atividade econômica mostram arrefecimento, num contexto de recuperação consistente, mas gradual, da economia brasileira", citaram os diretores em 16 de maio.

Inflação

Além da atividade, a greve dos caminhoneiros também deve gerar impacto "significativo" nos preços. Em trecho do comunicado, os diretores do BC avaliam que, no curto prazo, "a inflação deverá refletir os efeitos altistas significativos e temporários da paralisação no setor de transporte de cargas e de outros ajustes de preços relativos".

Os membros do Comitê consideram, porém, que essa pressão de alta é pontual. Para os meses à frente, o BC avalia que os indicadores de preços seguirão "em níveis baixos, inclusive os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária".

Choques

O Copom reforçou o tom de que eventuais choques devem ser combatidos apenas em eventuais efeitos secundários na inflação futura. "Choques que produzam ajustes de preços relativos devem ser combatidos apenas no impacto secundário que poderão ter na inflação prospectiva", cita o comunicado da decisão do Comitê que manteve o juro básico da economia em 6,50% ao ano.

O comunicado cita como exemplo de efeito secundário a propagação de choques "a preços da economia não diretamente afetados pelo choque". Os diretores do BC explicam que "é por meio desses efeitos secundários que esses choques podem afetar as projeções e expectativas de inflação e alterar o balanço de riscos".

Apesar dessa possibilidade de propagação secundária dos choques na economia, o comunicado do Comitê nota que esse efeito pode ser mitigado pelo "grau de ociosidade na economia e pelas expectativas de inflação ancoradas nas metas". Diante dessa avaliação, o BC repetiu a afirmação de que "não há relação mecânica entre choques recentes e a política monetária".

O BC reafirmou que o trabalho do órgão deve se pautar "com foco na evolução das projeções e expectativas de inflação, do seu balanço de riscos e da atividade econômica".