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G-20 vê aumento da tensão comercial e pede mais diálogo entre países

Reunião do G-20 terminou neste domingo (22), em Buenos Aires - G20/AFP
Reunião do G-20 terminou neste domingo (22), em Buenos Aires Imagem: G20/AFP

Altamiro Silva Junior

Em Buenos Aires

22/07/2018 16h30Atualizada em 22/07/2018 17h09

O documento final da reunião ministerial do G-20, grupo formado pelos países mais ricos do mundo, reconhece o aumento da tensão comercial na economia mundial, alerta para os crescentes riscos dessas tensões e de questões geopolíticas para a expansão do PIB (Produto Interno Bruto) e pede que os países ampliem o diálogo. "Reconhecemos a necessidade de se intensificar o diálogo e as ações para reduzir os riscos e aumentar a confiança", afirma o texto, elaborado depois de dois dias de reunião em Buenos Aires. Na reunião realizada em março na Argentina, o comunicado não falou de tensões comerciais. A reunião terminou terminou neste domingo (22) na capital da Argentina.

O documento do G-20 menciona que os países emergentes estão melhor preparados para lidar com o cenário externo mais adverso. Ao mesmo tempo, o texto destaca que estas economias enfrentam o desafio de ter que lidar com a maior volatilidade no mercado financeiro mundial e o risco das reversões dos fluxos de capital.

Um relatório do FMI (Fundo Monetário Internacional) apresentado durante a reunião ressalta que somente em maio e junho, os emergentes tiveram fuga de US$ 14 bilhões de capital externo.

"O crescimento da economia mundial continua sendo robusto e o desemprego está no nível mais baixo em última década", observa o texto. "Contudo, o crescimento tem sido menos sincronizado recentemente e os riscos de curto e médio prazo aumentaram", destaca o texto.

Entre estes riscos, o comunicado menciona "crescentes vulnerabilidades financeiras, as maiores tensões comerciais e geopolíticas", além de um crescimento estrutural fraco, sobretudo em alguns países avançados, e "desequilíbrios globais". "Vamos continuar monitorando os riscos", ressaltam os dirigentes do G-20.

Cooperação

Na reunião deste domingo, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, alertou novamente para os "crescentes riscos" para a economia mundial gerados pelo aumento das tensões comerciais. A dirigente disse ter estimulado os ministros presentes no encontro a resolverem os conflitos comerciais por meio da cooperação internacional, sem recorrer a medidas excepcionais.

O crescimento do PIB da economia mundial segue "forte", segundo Lagarde, mas vem se dando de forma desigual. "A economia mundial enfrente crescentes riscos, especialmente de curto prazo, pelo aumento das tensões comerciais, das pressões financeiras nas economias emergentes vulneráveis e pelo retorno do risco soberano em partes da zona do euro", afirmou a dirigente em comunicado divulgado pelo FMI.

Lagarde disse que, durante a reunião do G-20, orientou os governos a abordar esses riscos "de forma decisiva e com espírito de cooperação", de forma a garantir que o período atual de crescimento perdure. "Isto é especialmente crucial quando se trata de manter o sistema de comércio internacional aberto."

A recomendação do FMI é que em resposta à maior volatilidade financeira, as taxas de câmbio devem seguir flexíveis, com papel para amortecer choques nos países emergentes. Além disso, os governos devem lançar mão de políticas prudenciais para lidar com as vulnerabilidades financeiras. Para os países com alto déficit em conta corrente, a recomendação é evitar políticas fiscais expansionistas, de forma a ajudar a colocar a dívida pública em caminho decrescente.

Reformas necessárias

O G-20 também enfatiza no comunicado a necessidade de avanço nas reformas estruturais nos diversos países, como uma forma de se aumentar o crescimento potencial.

Na reunião de março, os dirigentes se comprometem a não fazer desvalorizações cambiais competitivas de suas moedas que possam ter efeito adverso sobre a estabilidade financeira mundial. No texto divulgado, os dirigentes reafirmam esse compromisso.

Mais cedo, o secretário internacional da Fazenda, Marcello Estevão, destacou em entrevista à imprensa estrangeira que a discussão para se elaborar o comunicado final da reunião foi "cordial", embora tenha havido diferença de opiniões.

"Todos concordamos que é preciso ter mais comércio", disse ele. "O que estamos pedindo em geral é que as partes que estão em desacordo conversem mais e briguem menos."

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