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Venezuela desvaloriza moeda, eleva salários e gera temores de mais instabilidade

Imagem de arquivo mostra policial carregando uma mulher que desmaiou durante confusão para tentar comprar massas fora de um supermercado em Caracas, Venezuela - Carlos Garcia Rawlins/Reuters
Imagem de arquivo mostra policial carregando uma mulher que desmaiou durante confusão para tentar comprar massas fora de um supermercado em Caracas, Venezuela Imagem: Carlos Garcia Rawlins/Reuters

19/08/2018 11h57

Negócios fechados, bancos com dificuldade para fazer transações e pessoas correndo para encontrar combustível no sábado (18) eram sinais de pânico e ceticismo na Venezuela com as medidas do governo voltadas a estabilizar a economia. Na noite da sexta-feira (17), o presidente Nicolás Maduro elevou os salários em quase 6.000% e desvalorizou a moeda local, o bolívar, em 96%.

Maduro disse que ele mesmo foi o autor do plano. Nas ruas, porém, havia pouco otimismo e ainda o temor de que as novidades acabassem de destruir o país, que enfrenta um quadro de recessão e inflação em patamares altíssimos. O tamanho da economia nacional já encolheu mais da metade desde a posse do atual líder, em 2013.

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A Venezuela enfrenta falta de alimentos, medicamentos e água potável, o que levou 2,3 milhões de pessoas a fugir para países vizinhos desde 2014, de acordo com a Organização das Nações Unidas.

A desvalorização é a maior da história do país, segundo o grupo de pesquisas Síntesis Financiera. As medidas devem elevar a inflação para além da previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI) neste ano, de 1.000.000%, disse Anabella Abadi, economista da consultoria ODH, sediada em Caracas.

Esta foi a quinta elevação do salário mínimo local neste ano, para o equivalente a cerca de US$ 30 ao mês, de US$ 1 por mês anteriormente. Os trabalhadores serão pagos com uma nova moeda, chamada bolívar soberano, que foi apresentada na semana passada e corta cinco zeros da moeda existente, o bolívar forte.

"Eu quero que o país se recupere e eu tenho a fórmula", afirmou Maduro em rede de televisão. Para ajudar as pequenas empresas na transição, o governo pagará a diferença nos salários dos trabalhadores durante 9 dias. O presidente não deu, porém, detalhes sobre como esses desembolsos serão feitos, levando empresas a mostrar ceticismo.

Economistas temem que as medidas gerem mais inflação. O governo da Venezuela está em default de uma dívida de US$ 6 bilhões, enquanto as exportações recuam por causa da queda na produção de petróleo.

Maduro ainda disse que atrelará o valor do novo bolívar soberano ao petro, a moeda virtual lançada pelo governo mais cedo neste ano, que é atrelada ao petróleo.

É difícil achar dinheiro, já que o governo não consegue imprimir notas suficientes para lidar com a alta inflação.

Maduro anunciou ainda que pretende cortar subsídios à gasolina, com a intenção de evitar o contrabando do combustível local para países vizinhos. Ele não especificou de quanto seria a alta na gasolina.

Fonte: Dow Jones Newswires.