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Copom mantém juros; estímulo será removido gradualmente se inflação piorar

Fabrício de Castro e Fernando Nakagawa

Brasília

19/09/2018 18h38

Os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiram, por unanimidade, manter a Selic (os juros básicos da economia) em 6,50% ao ano. O comunicado da decisão, no entanto, diz que o estimulo à economia poderá ser "removido gradualmente caso o cenário prospectivo para a inflação no horizonte relevante para a política monetária e/ou seu balanço de riscos apresentem piora".

Com o anúncio feito nesta noite de quarta-feira, 19, a taxa permaneceu no nível mais baixo da série histórica do Copom, iniciada em junho de 1996. Foi a quarta manutenção consecutiva da taxa neste patamar.

A decisão desta quarta era largamente esperada pelos economistas do mercado financeiro. De um total de 69 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast, todas esperam pela manutenção da Selic em 6,50% ao ano.

Ao justificar a decisão desta quarta, o BC afirmou por meio de comunicado que "a conjuntura econômica ainda prescreve política monetária estimulativa". "Ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural", cita o documento.

O texto argumenta ainda que "a evolução do cenário básico e do balanço de riscos prescreve manutenção da taxa Selic no nível vigente".

Para o futuro, o Copom diz que "os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação".

Projeções

O Banco Central atualizou para cima as principais projeções para a inflação em 2019. No cenário de mercado - que utiliza expectativas para câmbio e juros do mercado financeiro, compiladas no relatório Focus -, o BC alterou sua projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2018 de 4,2% para 4,1%. No caso de 2019, a expectativa subiu de 3,8% para 4,0%.

No cenário de referência, em que o BC utilizou uma Selic fixa a 6,50% e um dólar a R$ 4,15 nos cálculos, a projeção para o IPCA em 2018 subiu de 4,2% para 4,4%.

No caso de 2019, o índice projetado aumentou de 4,1% para 4,5% - já acima, portanto, do centro da meta de inflação no próximo ano, de 4,25%. As projeções anteriores constaram na ata do encontro anterior do Copom, divulgada no início de agosto.

O centro da meta de inflação perseguida pelo BC este ano é de 4,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual (índice de 3,0% a 6,0%). Para 2019, a meta é de 4,25%, com margem de 1,5 ponto (de 2,75% a 5,75%).

Eleições

A poucos dias das eleições presidenciais, o Banco Central reafirmou que a política monetária é pautada pela "evolução das projeções e expectativas de inflação, do seu balanço de riscos e da atividade econômica". O documento da última decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) antes das eleições não faz menção, pelo menos diretamente, à disputa eleitoral que se aproxima da reta final.

No documento divulgado pelo BC, os diretores do BC explicam que a atuação da instituição continua pautada pelos efeitos secundários de eventuais choques nos preços. O texto repete a argumentação de que "choques que produzam ajustes de preços relativos devem ser combatidos apenas no impacto secundário que poderão ter na inflação prospectiva".

O comunicado dá como exemplo a "propagação a preços da economia não diretamente afetados pelo choque".

Os diretores do BC explicam que são esses efeitos secundários gerados por eventuais choques que "podem afetar as projeções e expectativas de inflação e alterar o balanço de riscos". Por outro lado, esses efeitos podem ser mitigados pelo grau de ociosidade na economia e pelas expectativas de inflação ancoradas nas metas".

Nesse trecho do documento, o Copom reafirma que "não há relação mecânica entre choques recentes e a política monetária".