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Custo do crédito em agosto está em nível comparável a 1º semestre de 2015, diz BC

Fernando Nakagawa e Fabrício de Castro

Brasília

26/09/2018 14h33

O juro médio praticado no mercado de crédito caiu mais uma vez em agosto e opera atualmente em patamar correspondente ao observado próximo ao primeiro semestre de 2015. A redução do custo foi destacada pelo chefe do departamento de estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha. A redução do custo do crédito tem sido diretamente influenciado pela diminuição da margem cobrada pelas instituições financeiras, o chamado spread bancário.

"Em agosto, permaneceu o movimento de redução dos custos de crédito e os valores que temos hoje são comparáveis aos vistos entre dezembro de 2014 e o primeiro semestre de 2015", disse Rocha, ao apresentar as estatísticas do mercado de crédito relacionadas a agosto.

Boa parte dessa redução tem sido gerada, explicou o técnico, pela diminuição do spread bancário. Em agosto, a margem cobrada pelos bancos nas operações com recursos livres ficou, na média, em 28,9 pontos porcentuais - no menor patamar desde março de 2015.

Rocha destacou ainda que a inadimplência em queda tem permitido aos bancos reduzir o spread nessas operações. Em agosto, a inadimplência média do crédito livre caiu marginalmente, de 4,3% para 4,2%. Esse é o menor patamar da série histórica. "O indicador está em um patamar muito baixo. Essa redução tem sido vista em uma trajetória observada desde 2017", disse Rocha.

O técnico explicou que a inadimplência tem diminuído como resultado da melhora do contexto macroeconômico, o que tem melhorado o mercado de trabalho e a renda dos trabalhadores. Há, ainda, a melhor gestão das operações de crédito pelas instituições financeiras. Rocha explicou que o setor bancário tem adotado critérios mais eficientes para a concessão de créditos e também na administração dos riscos atrelados às carteiras.

Linhas de crédito

Segundo Rocha, operações de crédito destinadas a financiar a atividade das empresas têm crescido nos últimos meses, o que pode indicar aumento do faturamento dessas firmas.

"Em geral, o comportamento dessas modalidades é interpretado como consequência da maior necessidade de fluxo de caixa nas empresas porque as vendas estariam aumentando", disse o técnico.

Dados do BC mostram que o saldo das operações de desconto de duplicatas, por exemplo, cresceram 2% em agosto na comparação com julho e atingiram R$ 62,4 bilhões.

Em um ano, essa operação saltou 39,1%.

Capital de giro

Outro destaque feito por Rocha foi o capital de giro, cuja carteira cresceu 0,1% e atingiu R$ 284,825 bilhões no mês passado. O capital de giro, lembrou o técnico, recuava consistentemente ao longo dos últimos meses e o pequeno crescimento do mês indicaria, segundo ele, a possível estabilidade da carteira. "Isso pode mostrar que a redução de saldo chegou à estabilidade e poderá crescer no futuro".

Rocha também destacou o crescimento das carteiras de crédito destinadas aos fornecedores das empresas - que aumentou 1,6% no mês - e também para os compradores - que subiu 7,9%. "O avanço dessas operações indica que as empresas estão dando condições para que a cadeia tenha capacidade de giro", disse.