Eletrobras realiza leilão de SPEs com expectativa de reduzir alavancagem
A meta da estatal é encerrar o ano com alavancagem inferior a 3 vezes dívida líquida/Ebitda, após ter encerrado o segundo trimestre em 3,4 vezes. Recentemente, o presidente da companhia, Wilson Ferreira Junior, afirmou que com a venda das SPEs, que somam valor mínimo de R$ 3,1 bilhões, seria possível alcançar o objetivo.
Segundo análise realizada pela equipe do Brasil Plural, isso pode ocorrer se a empresa leiloar com sucesso todos os ativos disponíveis. "Vale ressaltar que todos os ativos já estão operacionais, o que nos leva a crer que o leilão não deve enfrentar competição expressiva dos players interessados", declarou, avaliando, porém, o evento como positivo para a estatal.
Agentes do setor creem, no entanto, que nem todos os 18 lotes ofertados devem ser arrematados no certame. "Acho que vai ter lance, mas não para todos os lotes", disse a diretora da consultoria Thymos Energia, Thais Prandini.
De acordo com ela, a avaliação detalhada dos lotes levou a preços que não são considerados tão convidativos, de maneira geral. Além disso, ela apontou para o fato de que o prazo de análise foi curto e que a troca de informações adicionais com a estatal foi morosa. "Mas se aumentasse o prazo, seria depois da eleição, então acho que a Eletrobras fez certo e o que ela conseguir vender vai ser positivo", avaliou.
Além do preço e do prazo curto, as características de boa parte dos lotes, bem como as condições do leilão, afastaram investidores de diversos ativos. Dos 18 lotes ofertados, 15 são compostos por participações minoritárias, o que retira o interesse de muitos grupos, que têm apetite apenas por participação de controle.
Além disso, as SPEs oferecidas têm em seu contrato de acionistas a previsão de exercício de direito de preferência por parte do sócio da Eletrobras, o que vai ser exercido apenas após a conclusão do certame. No entanto, o sócio que quiser exercer seu direito pode se ver obrigado a apresentar uma oferta tendo em vista que foi inserido no edital uma previsão de que não haverá o exercício em relação às SPEs caso não sejam apresentadas Propostas Econômicas válidas em relação ao lote.
Entre as empresas parceiras da Eletrobras que já indicaram interesse em adquirir as fatias da estatal em ativos nos quais são sócias estão a Alupar e a Taesa. Há também ativos detidos por Cemig, Equatorial, Brennand Energia, dentre outros.
A reportagem do Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) observou cerca de uma dezena de grupos que estiveram na B3 na última terça-feira para apresentar suas propostas. Mesmo sem se identificar, diversos representantes disseram que o interesse era em um lote específico.
Um dos grupos, formado por um dos sócios da estatal, admitiu que apresentou os documentos por ativos em que é sócio, mas ainda estava realizando cálculos para definir se efetivamente apresentaria proposta econômica.
Competição
Segundo especialistas, entre os lotes que devem atrair competição estão aqueles compostos por participações majoritárias ou 100% do ativo. É o caso dos lotes A e B, que correspondem aos complexos eólicos Santa Vitória do Palmar e Campos Neurais, respectivamente, ambos localizados no Rio Grande do Sul.
O primeiro foi o único projeto em que a Eletrobras obteve uma renúncia prévia do direito de preferência do sócio, que ainda incluiu sua participação como objeto do leilão.
Juntos os dois lotes são considerados como a melhor chance de a Eletrobras ver uma disputa por parte dos investidores e obter um maior ágio em relação ao preço mínimo, estabelecido em R$ 814,87 milhões e R$ 118,96 milhões, respectivamente.
Além do fato de significarem a compra de 100% dos ativos, potencializa essa expectativa de competição o fato de o edital prever que caso o vencedor do lote A seja diferente do lote B, haverá a possibilidade de disputa dos dois lotes em conjunto, tendo em vista a possibilidade de ganhos de sinergia ao operar os dois complexos.
Além deste, outro provável foco de maior disputa é a SPE Uirapuru Transmissora de Energia, que opera uma linha de 120 quilômetros no Paraná. A Eletrobras atualmente detém 75%, e os outros 25% estão em poder da Fundação Eletrosul de Previdência e Assistência Social (Elos).
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