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Estratégia ‘Premium’ da Apple e câmbio fazem iPhone custar até R$ 10 mil no País

Bruno Capelas

São Paulo

30/10/2018 21h50

Nunca um smartphone custou tanto: a versão mais cara do iPhone XS Max, celular premium lançado pela Apple em setembro, vai chegar ao Brasil por R$ 9.999 - nos EUA, o mesmo aparelho sai por US$ 1.449. Nesta terça-feira, 30, a fabricante americana anunciou os preços de seus novos modelos de aparelhos para o mercado nacional. Ainda sem data de lançamento prevista por aqui, os dispositivos vão partir de R$ 5,2 mil - um salto considerável na comparação com 2017, quando o iPhone mais barato chegou às lojas por R$ 4 mil.

Para especialistas ouvidos pelo jornal "O Estado de S. Paulo", dois fatores influenciam diretamente na alta dos preços do iPhone. O primeiro é a estratégia adotada pela Apple para vender aparelhos cada vez mais caros. "A Apple sempre antecipa as tendências de mercado e isso vale também para os preços", diz Renato Meireles, analista de dispositivos móveis da consultoria IDC Brasil. A tática foi iniciada no ano passado, quando a empresa revelou o iPhone X, que era vendido por US$ 1 mil nos EUA e por R$ 7 mil por aqui.

Além da opção da Apple de elevar preços, a flutuação do câmbio afetou o preço do aparelho por aqui. Em 2017, quando o iPhone X foi lançado, a moeda americana era negociada a R$ 3,18. Nesta terça, encerrou o dia cotada a R$ 3,69. Porém, quando os novos modelos foram revelados, há mais de um mês, o dólar operava acima de R$ 4.

"A Apple não mudará muito o preço do iPhone no mercado brasileiro. Para não ser afetada pelo câmbio, ela usa uma conversão muito acima do mercado", explica Eduardo Pellanda, professor da PUC-RS. Para o professor, é simbólico que um smartphone chegue à marca de R$ 10 mil e custe tanto quanto um carro usado. "O celular é o símbolo de status desse século. Antes, o jovem comprava um carro quando tinha o primeiro emprego. Agora, compra um smartphone."

Trilhão

Ao elevar preços globalmente, a Apple bateu recorde de receita e conquistou os investidores, chegando à marca de US$ 1 trilhão em valor de mercado em agosto. E fez isso sem elevar o volume de aparelhos vendidos. Hoje, a companhia vale US$ 1,03 trilhão. Essa marca poderá ser elevada amanhã, após a divulgação do balanço da Apple para o terceiro trimestre de 2018. O resultado já será influenciado pelo início das vendas dos novos iPhones XS e XS Max, cujos preços vão de US$ 1 mil a US$ 1,45 mil nos EUA.

A estratégia de aparelhos "premium" foi seguida pela concorrência - recentemente, a Samsung também lançou aparelhos com preços superiores a US$ 1 mil, caso do Galaxy Note 9. "Criou-se um novo patamar no mercado", diz Pellanda.